O presidente afastado da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, foi libertado da prisão neste sábado (08/03), depois que um tribunal decidiu que sua detenção é ilegal, após ele ter ficado preso por quase dois meses, alvo de um processo judicial por insurreição após ter tentado impor lei marcial no país.
Yoon deixou o centro de detenção em Uiwang, ao sul de Seul, onde ficou detido por 52 dias, antes das 18h horas locais e foi transferido para a residência presidencial, informou a mídia local.
Sua libertação ocorreu depois que o Tribunal Distrital Central de Seul anulou a detenção do político no dia anterior, e o gabinete do promotor decidiu neste sábado não recorrer da decisão.
O político expressou sua gratidão pela “coragem e determinação do tribunal em corrigir a ilegalidade”, em uma mensagem divulgada por seus advogados. “Inclino a cabeça em agradecimento ao povo desta nação”, disse nota divulgada por seus advogados.
Ele saiu andando e sorridente do centro de detenção em meio a aplausos de partidários e políticos do Partido do Poder Popular (PPP), se inclinando diante de seus apoiadores.
O tribunal da capital decidiu que sua prisão havia excedido o período legal.
Com a decisão do tribunal, Yoon estará livre para enfrentar tanto o processo criminal que o acusa de insurreição – o único crime ao qual um presidente sul-coreano não está imune e que pode levar à prisão perpétua – quanto o julgamento paralelo de impeachment para decidir se sua remoção do cargo é definitiva ou não.

O presidente afastado da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, deixou o centro de detenção de Seul neste sábado (08/03)
Nova reviravolta na crise política
O presidente conservador causou surpresa na noite de 3 de dezembro ao decretar a lei marcial e enviar o Exército para o Parlamento. Seis horas depois, ele teve que voltar atrás, pois os parlamentares conseguiram contornar o cerco militar e se reuniram na Câmara para derrubar a lei marcial.
Yoon Suk Yeol, 64 anos, justificou seu golpe alegando que o Parlamento, dominado pela oposição, estava bloqueando a adoção do orçamento e que seus rivais haviam sido infiltrados pela Coreia do Norte.
Yoon foi preso em 15 de janeiro na residência presidencial após um longo impasse entre as autoridades sul-coreanas e as forças de segurança presidenciais e os manifestantes pró-presidente, e após uma primeira tentativa fracassada de prendê-lo no início de janeiro.
Paralelamente ao julgamento criminal, que por enquanto não é afetado pela anulação de sua detenção, o presidente aguarda a decisão do Tribunal Constitucional, que determinará nos próximos dias se sua destituição, aprovada pelo parlamento nacional em 14 de dezembro por sua aplicação da lei marcial, é definitiva ou não.
Yoon permanece formalmente no cargo de presidente, embora na prática tenha sido desqualificado de suas funções pela moção de desqualificação parlamentar e enquanto o Tribunal Constitucional analisa o caso.
Se a mais alta corte da Coreia do Sul confirmar o impeachment de Yoon, o país terá que convocar eleições presidenciais antecipadas dentro de 60 dias após o veredicto.
Polarização crescente
O Partido do Poder Popular, ao qual Yoon pertence, saudou sua libertação, embora tenha lamentado o fato de ter chegado “tarde”, e enfatizou a necessidade de rever todos os processos contra o presidente, inclusive o Tribunal Constitucional.
O principal partido de oposição, o Partido Democrático (DP), por sua vez, disse que a libertação de Yoon “é uma rendição indesculpável e uma declaração de lealdade ao líder de uma insurreição, em vez de lealdade ao povo”, em uma declaração de seu porta-voz.
Parlamentares de ambos os partidos se reuniram no centro de detenção onde Yoon estava sendo mantido no sábado para defender suas posições, juntamente com partidários de ambos os partidos que também estavam lá desde o dia anterior, em meio a uma segurança rígida.
A crise política na Coreia do Sul, desencadeada pela lei marcial, aprofundou a polarização no país, com manifestações em massa a favor e contra Yoon desde sua prisão.
Enquanto seus apoiadores exigem sua reintegração e defendem a lei marcial, a oposição e os grupos progressistas pedem que seu impeachment seja confirmado.