O presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol foi proibido de deixar o país, informou uma fonte do Ministério da Justiça nesta segunda-feira (09/12).
Ele é investigado por uma frustrada tentativa de impor a lei marcial ao país, decretada por ele dia 3 de dezembro e revogada seis horas depois pelo parlamento
A iniciativa da Lei Marcial foi a gota de água de um processo de insatisfação popular com o governante. Sua decretação levou milhares de pessoas às ruas para exigir sua demissão em massivos protestos.
Impeachment sabotado
Mas ele se negou a renunciar e seu partido, o ultradireitista Poder Popular (PPP), sabotou, no sábado (07/12) a aprovação de um pedido de impeachment, embora até alguns de seus membros tenham defendido a renúncia.
Em vez do impeachment, o PPP propôs esvaziar boa parte dos poderes presidenciais, delegando ao primeiro-ministro Han Dick-soo o controle dos assuntos estrangeiros e outros temas governamentais.
A proposta foi considerada inconstitucional pela oposição, que pretende apresentar outro projeto de impeachment.
Chang Young-soo, professor da Faculdade de Direito da Universidade da Coreia do Sul, disse que o presidente poderia delegar algumas funções ao primeiro-ministro, principalmente o controle das Forças Armadas.
Mas que é discutível se o primeiro-ministro poderia assumir como chefe de Estado nas relações internacionais, até porque na Coreia do Sul este cargo não é eleito.
O Ministério da Defesa reafirmou nesta segunda-feira que Yoon continuava legalmente comandante-chefe do país, mas a oposição de altas patentes militares mostra uma crescente crise de liderança no país.
A proibição de deixar o país, segundo a Reuters, foi feita pelo chefe do Escritório de Investigação de Corrupção de Altos Funcionários, criado em 2021, e, segundo um funcionário do Ministério da Justiça, já está sendo executada.
Em flagrante mostra da dissidência entre os militares, o comandante das forças especiais da Coreia do Sul disse à imprensa que, na semana passada, recebeu ordens do ministro da Defesa, Kim Young-hyun, para enviar suas tropas ao Parlamento para impedir a votação que rejeitou a lei marcial.
Os legisladores tiveram que brigar com soldados no prédio do Parlamento, mas votaram pela revogação da lei marcial. O ministro Young-huin foi preso domingo.
Ultradireitista PPP quer controlar transição
O PPP, partido ultradireitista do presidente, embora mantenha o no cargo, criou uma força-tarefa para gestionar sua eventual e “ordeira” renúncia.
O chefe dessa força-tarefa, Lee Yang-soo, disse que a equipe avalia todas as opções e que escolherá o momento mais adequado para a saída antecidapa do presidente do cargo.
O principal partido de oposição, o Partido Democrático (PD) solicitou que Yoon perdesse a autoridade sobre as Forças Armadas e que ele e todos os militares envolvidos na decretação da lei marcial fossem presos.
A turbulência política na Coreia do Sul, quarta maior economia da Ásia, aliada dos EUA e grande fornecedora de chips de memória para o mundo todo, gerou alarme.
Mas o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, descartou os planos de viajar àquele país.
Os EUA têm milhares de soldados instalados na Coreia do Sul desde a Guerra da Coraia (1950-1953). Hoje são 28.500.
Numa tentativa para tranquilizar o mundo, vários líderes militares, incluindo o ministro da Defesa em exercício, disseram que não obedeceriam nenhuma nova ordem para impor uma lei marcial.
(*) Com Redação Opera Mundi.