A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, foi afastada do cargo pela Assembleia Nacional do país nesta sexta-feira (09/12). O impechment de Park foi aprovado por 234 votos a favor e 56, contra. Após a divulgação do resultado, ela pediu perdão pelo envolvimento em um escândalo de tráfico de influência.
O primeiro-ministro Hwang Kyo-ahn assume o governo até o veredito final do Tribunal Constitucional, que tem até 180 dias para decidir se Park perde definitivamente o mandato ou se volta a exercê-lo. Ao menos seis dos nove juízes precisam aprovar o impeachment.
Park afirmou que “leva a sério as vozes da Assembleia Nacional e do povo” no discurso feito após uma reunião com seu gabinete. Ela também pediu aos ministros e ao novo líder provisório do país para “fazer todo o possível para minimizar os vazios no governo, especialmente nos âmbitos de economia e segurança”, até que o Tribunal Constitucional dê o veredicto final sobre sua cassação.
Em 2004, no processo de impeachment do então presidente Roh Moo-hyun, o Tribunal levou 63 dias para dar um veredito, invalidando o impedimento aprovado no Parlamento. Se o afastamento for confirmado, Park será a primeira chefe de Estado do país a ser retirada do cargo.
Escândalo
O escândalo foi que envolve a agora presidente afastada foi revelado em outubro, quando surgiram rumores de que Park seria aconselhada por Choi Soon-sil, sua amiga há quase quatro décadas. Choi, mesmo não exercendo nenhum cargo público, opinava em decisões que variavam da cor das roupas que a presidente usava até discursos e grandes decisões políticas, tendo, segundo denúncias, até acesso a informações confidenciais. Ela teria, inclusive, criado uma espécie de “clã” para auxiliar a presidente, o grupo das “Oito Fadas”.
Os rumores foram confirmados no mesmo mês, quando Park veio a público admitir ter recebido aconselhamento de Choi Soon-sil. A mandatária se desculpou durante uma entrevista coletiva de imprensa, afirmando ter agido sempre “com um coração puro”.
Agência Efe
Presidente Park Geun-hye sofreu impeachment e fica afastada do cargo até decisão final da Justiça
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No entanto, de acordo com Park, Choi a teria aconselhado, editando seus discursos, apenas em 2012, durante sua campanha presidencial, e em 2013, pouco após a hoje presidente assumir o cargo.
Choi, por sua vez, negou ter criado as “Oito Fadas”, mas confirmou ter auxiliado Park. Disse, porém, não saber que havia tratado de assuntos confidenciais por não possuir nenhum cargo no governo.
A crise política na Coreia do Sul levou milhares de pessoas às ruas, insatisfeitas com a disparidade entre a elite político-empresarial do país e o resto da população. Os depoentes do caso têm sido recebidos por gritos de “prendam todos” na porta da Assembleia Nacional.
Empresários
Grandes grupos empresariais do país, tais como Samsung, LG e Hyundai, estão sendo investigados por doações feitas a uma fundação controlada por Choi, o que levanta suspeitas sobre a extensão da influência dela no governo de Park. A “Rasputina” coreana, como ficou conhecida a amiga da presidente, desviaria, inclusive, parte deste dinheiro.
Os depoimentos dos empresários são transmitidos pela televisão, ao vivo. As confissões dos empresários poderiam esclarecer se a presidente e sua amiga os extorquiram sob ameaças ou concederam favores em troca das doações.
Os olhares estão focados principalmente no vice-presidente da Samsung, Lee Jae-yong, no presidente do grupo Hyundai Motor, Chung Mong-koo, e no presidente da Lotte, Shin Dong-bin.
A Samsung , por exemplo, deu 25 bilhões de wons (cerca de US$ 20,5 milhões) para as fundações, dos quais uma parte foi transferida diretamente para pagas aulas de hipismo para a filha de Choi. Questionado por um deputado sobre se sabia de algo, o vice-presidente da Samsung afirmou desconhecer o fato. Perguntado se concordava com o fato de que as empresas estavam em “conluio” com Choi, Lee respondeu ter “tantas fraquezas” e disse que a corporação tinha “coisas a corrigir”.
“A crise me fez perceber que é preciso mudar para atender às expectativas do público, prosseguiu Lee. Um deputado, em resposta, pediu para que ele parasse com “respostas e desculpas ridículas”.