Após três meses de conflitos e mais de cem mortes, foi deposto o governo da ilha de Madagascar, na costa oriental africana. O presidente Marc Ravalomanana, eleito democraticamente em 2006, renunciou hoje (17) e o líder opositor Andry Rajoelina se proclamou chefe de uma “alta autoridade de transição”. Ele entrou no palácio presidencial na capital Antananarivo, ocupado desde ontem por militares golpistas.
Seguido por milhares de partidários, Rajoelina, ex-prefeito de Antananarivo, realizou uma cerimônia para instalar o governo de transição e prometeu uma nova Constituição e eleições em dois anos.
Acusado pela oposição de desvio de dinheiro público e de violar a Constituição, Ravalomanana sofria forte pressão para deixar o poder, mas prometia resistir. Segundo ao jornal Times, ele chegou a dizer à guarda presidencial que estava “disposto a morrer” se os militares rebeldes tentassem derrubá-lo. Mas hoje, sete ministros e vice-ministros anunciaram que ele havia renunciado.
Um representante da embaixada dos Estados Unidos foi ao palácio presidencial para garantir a segurança de Ravalomanana, cujo paradeiro é desconhecido. Sua família saiu de Madagascar na semana passada.
Reações
Quase todo o exército apoiou a destituição do presidente. O coronel Andre Ndrianarijaona, que designou a si próprio como chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, está ao lado de Rajoelina. Junto com outros comandantes militares e policiais, solicitou a renúncia de Ravalomanana e advertiu que a tomada do palácio era o “último aviso”. O vice-almirante Mamy Ranaivoniarivo, ministro da Defesa e fiel a Ravalomanana, pediu aos rebeldes que voltem à disciplina institucional.
A União Africana, que tentou estabelecer negociações entre o governo e os rebeldes, condenou o golpe e pediu ao povo que respeite a Constituição. “Madagascar vive uma situação de conflito interno. Condenamos o golpe veementemente”, disse Edouard Alo-Glele, representante do organismo.
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