Por meio de um decreto, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, demitiu ontem (7) o presidente do Banco Central, Martín Redrado, que se recusava a deixar o cargo. O economista ameaça agora levar o caso à Justiça, alegando que o governo não tem poderes para afastá-lo.
EFE (12/03/2009)
Foto de aquivo mostra a presidente argentina, Cristina Kirchner e Martín Redrado, demitido do BC
Para emitir o decreto, Cristina precisou abrir uma exceção no estatuto da autoridade monetária. “É uma medida que não gostei de tomar”, disse a presidente. “O BC não é um organismo unilateral, é um organismo colegiado e todo seu diretório deve funcionar em conjunto”, sublinhou, segundo o jornal Página 12. Um dos motivos para a emissão do decreto foi o período de recessão do Congresso, impossibilitado atualmente de decidir o afastamento de Redrado.
“Não renunciei e não renunciarei”, disse Redrado nesta madrugada, período que passou com assessores discutindo os detalhes de uma apresentação que fará no judiciário. De acordo com fontes próximas a Redrado ouvidas pela Ansa, ele anunciou que, no mais tardar na próxima segunda-feira (11), apresentará um recurso de amparo à Justiça, pedindo a anulação da ordem presidencial que o removeu do cargo.
Oposição
Alguns políticos dos partidos de oposição Coalizão Cívica, PRO (Proposta Republicana) e UCR (União Cívica Radical) defenderam que Redrado não deve se demitir, o aconselharam a apresentar uma defesa em tribunal e questionaram a criação do Fundo de Bicentenário, que prevê um fundo de 6,5 bilhões de dólares com reservas do BC para o pagamento da dívida pública argentina – ponto tido como o estopim para a demissão do economista.
O risco-país argentino saltou 25 pontos percentuais a 681 pontos após a divulgação da decisão presidencial, alcançando o nível mais alto desde 21 de dezembro, segundo o indicador elaborado pelo JP Morgan. Posteriormente o índice recuou para 668 pontos.
A tensão surge poucos dias antes da Argentina lançar uma troca de bônus não-pagos por 20 bilhões de dólares, o que poderia reabrir a porta para que o país volte a obter financiamento externo após oito anos de isolamento.
Substituto
Após a saída de Redrado, o atual vice-presidente da entidade, Miguel Angel Pesce, ficará no cargo temporariamente. No entanto, o ministro da Economia, Amado Boudou, insistiu que já está claro que o próximo presidente será Mario Blejer, que foi presidente do BC no governo do presidente Eduardo Duhalde.
Pesce, além de vice-presidente do BC, já foi secretário de Economia, Produção e Meio Ambiente da província de Santiago del Estero, representante do Ministério da Economia no Banco Central e secretário da Fazenda e de Finanças da cidade de Buenos Aires.
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