O presidente do Chile, Gabriel Boric, foi acusado de divulgar imagens privadas e assédio sexual, virando alvo de investigação do Ministério Público do país. O caso teria ocorrido em 2013, denunciado em setembro passado na Procuradoria de Magalhães [região do país] e tornado público nesta semana. Na última segunda-feira (25/11), a defesa do mandatário negou as acusações.
De acordo com o relato da vítima, os episódio teria ocorrido quando Boric, então com 27 anos, havia acabado de se formar em Direito. À época, ele já se destacava como um dos principais líderes estudantis do país, antes de seguir para a política nacional.
O que diz a defesa de Boric?
A defesa do presidente negou veementemente as acusações. Em comunicado, o advogado Jonatan Valenzuela afirmou que Boric “rejeita e desmente categoricamente a denúncia”, alegando que apesar de ter recebidos as imagens privadas, elas nunca foram compartilhadas pelo presidente.
Na época, segundo Valenzuela, a mulher que apresentou a denúncia teria enviado 25 e-mails, de cinco endereços diferentes, entre 2013 e 2014. As mensagens eletrônicas incluíam relatos sobre acontecimentos pessoais, como sua saúde mental. Segundo o jornal chileno La Tercera, Boric respondeu tais emails à época dizendo: “obrigado pela confiança, mas não entendo”.
Posteriormente, Boric correspondeu suas mensagens, inclusive pedindo emprego à ela e se oferecendo para morarem juntos, como veiculou a imprensa chilena. A vítima respondeu, em dezembro de 2013: “irei com você onde você quiser”.
Já em 2014, as mensagens dos emails continham declarações de amor como “Você é meu deus” da mulher para Boric. Além disso, um dos correios eletrônicos continham sete imagens explícitas “não solicitadas e não consensuais” da mulher nua, de acordo com a defesa do presidente.
Na avaliação de Valenzuela, Boric que foi “vítima de assédio sistemático via e-mail por parte de uma mulher adulta que o conheceu no contexto de sua prática profissional em Punta Arenas”, referindo-se à Corporação de Assistência Judicial de Punta Arenas, onde exerciam advocacia.
Desde então, “não existe qualquer tipo de comunicação entre Boric e o remetente daqueles emails. Meu cliente [o presidente chileno] nunca teve um relacionamento afetivo ou amigável com ela e eles não se comunicam desde julho de 2014”, explicou Valenzuela.
Tais emails, entregues pela defesa de Boric em 22 de outubro, estão sendo investigados pelas autoridades chilenas, em especial o responsável pelo caso, Cristián Crisosto Rifo. A defesa também declarou estar disposta a esclarecer todos os fatos necessários.
A denúncia encontra barreiras jurídicas para avançar. Por ocupar o cargo máximo do país, Boric possui foro especial, o que significa que qualquer investigação criminal dependeria da aprovação judicial para suspender sua imunidade presidencial.
Esta não é a primeira vez que Gabriel Boric enfrenta acusações dessa natureza. Durante a campanha eleitoral de 2021, ele foi alvo de outra denúncia de assédio sexual, que foi negada pelo então candidato e nunca investigada criminalmente. Apesar disso, Boric venceu as eleições e assumiu a Presidência em março de 2022, com mandato de quatro anos sem possibilidade de reeleição.
(*) Com Brasil247 e TeleSUR