O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, defendeu nesta quinta-feira (12/12), em um discurso televisionado, sua fracassada tentativa de colocar o país sob lei marcial na semana passada.
Também disse que “lutaria até o fim” contra o impeachment que a oposição tentará aprovar no Parlamento no próximo sábado (14/12), embora seu próprio partido, o direitista Poder Popular (PPP) esteja pressionando pela sua renúncia.
Yoon afirmou que declarou a lei marcial e enviou centenas de soldados à Assembleia Nacional para “salvar o país” de partidos de oposição que ele chamou de “antiestatais” e “grupos criminosos” que estariam sua maioria na Assembleia Legislativa para “paralisar o país” e perturbar o estado de direito.
A oposição atualmente tem maioria no Parlamento do país, mas o impeachment requer o voto de dois terços da Casa.
Ele criticou o Partido Democrata, que lidera a oposição, por ter bloqueado algumas de suas propostas e por ter exigido que sua esposa fosse investigada por supostas irregularidades.
Questionou a lisura das eleições
Yoon levantou dúvidas sobre a lisura das eleições de abril passado, nas quais seu partido foi derrotado por esmagadora maioria.
Sem apresentar evidências, alegou que os computadores da Comissão Eleitoral Nacional (NEC) haviam sido invadidos pela Coreia do Norte no ano passado e que foi isso que propiciou a vitória da oposição.
Durante as seis horas que durou a lei marcial, tropas invadiram a sala de computadores da comissão eleitoral.
A Comissão respondeu que, ao levantar suspeitas de irregularidades eleitorais, Yoon cometia um “ato autodestrutivo contra o sistema de supervisão eleitoral que o elegeu presidente”.
Ele ganhou o cargo em 2022 pela menor margem registrada na história democrática do país.
Segundo a Comissão, a agência de espionagem do país foi consultada no ano passado sobre eventuais “vulnerabilidades de segurança” do sistema eleitoral e que não foram encontrados sinais de um ataque norte-coreano que comprometesse o sistema.
O discurso foi o primeiro pronunciamento de Yoon após ter se desculpado, na sexta-feira (06/12), por sua frustrada tentativa de conceder amplos poderes aos militares.
Seu decreto de estado de emergência foi anulado pelo Parlamento seis horas depois em sessão marcada pelo confronto entre parlamentares e soldados enviados por Yoon para impedir a votação.
Presidente sob investigação
“Quer eles me acusem ou me investiguem, eu enfrentarei tudo honestamente, lutarei até o fim”, disse Yoon.
Como ele é também promotor e jurista, acredita-se que esteja apostando em se manter no poder pela judicialização do processo. Isso porque uma votação para a sua destituição enviaria o caso ao Tribunal Constitucional, que tem até seis meses para decidir a respeito.
O partido de Yoon está dividido sobre o impeachment. Alguns de seus parlamentares ainda apoiam o presidente, mas o líder do partido, Han Dong-hoon, reuniu-se nesta quinta-feira com outros membros para pedir que votassem pelo impeachment. Sete já confirmaram que o farão
Na quarta-feira (11/12) à noite seis partidos de oposição liderados pelo Partido Democrata apresentaram formalmente o pedido de impeachment, que deve ser votado sábado, uma semana depois do fracasso da primeira tentativa pelo boicote do PPP.