O ex-senador colombiano Mário Uribe Escobar, primo e aliado político do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, foi preso pela segunda vez por suspeitas de envolvimento com grupos paramilitares, em um escândalo que ficou conhecido como “parapolítica”.
A Suprema Corte, que também na Colômbia está apta a investigar e julgar senadores e deputados, emitiu ontem (24) a ordem de captura contra o fundador do extinto partido Colômbia Democrática por seus vínculos com os ex-paramilitares Jairo Castillo Peralta, codinome 'Pitirri', e Salvatore Mancuso, que comandava o Bloco Norte das Autodefesas. Uribe foi preso em Medellin horas após a decisão.
A AUC (Autodefesas Unidas de Colômbia), é uma organização paramilitar que adquiriu grandes proporções nos anos 1990 e se espalha por todo o país. Paramilitares são organizações que têm estrutura e disciplina como a do exército, mas não integram as forças armadas. Na Colômbia, os grupos se organizaram nos anos 1970 para combater guerrilhas de esquerda e atualmente são acusados de promover massacres e assassinatos, e de ligação com partido políticos.
Essa não é a primeira vez que o primo do presidente recebe uma ordem de prisão. Em 22 de abril de 2008, a Suprema Corte decretou sua captura, porém, Uribe e seus advogados solicitaram asilo político na Embaixada da Costa Rica em Bogotá. O governo de San José negou o pedido e entregou o senador às autoridades colombianas, enquanto uma multidão de vítimas do paramilitarismo exigiam sua prisão do lado de fora.
Uribe, como outros suspeitos de envolvimento na parapolítica, renunciou ao cargo de senador para ser investigado como um cidadão comum, e não pela Suprema Corte. Em agosto de 2008, Ramiro Alonso Marín Vásquez, o promotor público encarregado pelo caso, renunciou por haver recebido “pressões para decidir a favor do ex-congressista”. Poucos dias depois, Uribe foi colocado em liberdade.
Caso retorna à Suprema Corte
No mês seguinte, a Suprema Corte, com uma questionada mudança de jurisprudência, decidiu retomar os casos de congressistas suspeitos de envolvimento com o paramilitarismo enviados ao Ministério Público, entre eles, o de Mario Uribe, que voltou a ser preso na época.
A corte acatou os depoimentos de ex-paramilitares, que acusaram Mario Uribe de ter usado suas relações com a AUC para comprar terras baratas na região de Córdoba e ser eleito senador em 2002.
Um dos principais depoimentos foi o de “Pitirri”, uma das principais testemunhas e a quem a corte já concedeu credibilidade em casos recentes de condenação, como as dos políticos Álvaro García e Salvador Arana, ambos condenados a 40 anos.
Álvaro Garcia foi condenado por homicídio, crime agravado pela participação no massacre de Macayepo. Ele foi eleito com o partido Colômbia Democrática, fundado por Mario Uribe e o primo, o presidente Álvaro Uribe. O partido, que não existe mais, representava quatro dos cinco congressistas eleitos em 2006 e que tinham ligações com a parapolítica. São eles os senadores Álvaro Garcia e Mario Uribe, o ex-congressista Erik Morris, condenado a seis anos por conexões com os “paras” da região de Sucre e o ex-senador Miguel Alfonso de la Espriella, que após confessar, foi condenado a somente quatro anos. O único congressista eleito pelo partido sem relações com a parapolítica é William Vélez, que no passado foi questionado por uma suposta relação com o traficante Pablo Escobar.
O presidente Uribe não se pronunciou até o momento sobre a captura do primo, mas falou a respeito das supostas pressões que teria feito à Suprema Corte em 2008. Hoje (25) pela manhã, após um repórter da rádio Cordillera questionar a liberação do primo, Uribe respondeu: “me poupe dessa pergunta, amigo jornalista”.
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