Os mercados de ações asiáticos abriram em queda esta segunda-feira (03/01) depois que os Estados Unidos impuseram tarifas de importação de 25% aos produtos do México e Canadá e de 10% aos da China. Só o petróleo e a energia canadenses é que foram taxados com menos.
Ao mesmo tempo, o dólar norte-americano teve alta em todo o mundo, aproximando-se da cotação do euro. Em relação ao Yuan chinês, a alta foi recorde e, frente ao dólar canadense, chegou ao nível mais alto desde 2003. Caiu também a cotação das criptomoedas, enquanto o petróleo subiu de preço.
A bolsa de Taiwan (Taiex) caiu 4,4%, puxada pela queda de mais de 6% na empresa de semicondutores TSMC. O índice Topix do Japão caiu 2,3%, o Kospi, da Coreia do Sul, 2,4% e, em Hong Kong, o índice Hang Seng abriu em queda de 0,9%.
Tais quedas foram lideradas por grandes exportadores globais, como Samsung, LG e a montadora Kia. Na China, as bolsas de valores não abriram pelo feriado no ano novo.
Na Austrália, a ASX200 fechou nesta segunda-feira em queda de 1,79%, com as mineradoras de ferro acompanhando a queda da commodity diante da perspectiva de queda no crescimento global.
O mercado de futuros europeus também caiu até 3,4% e o euro se desvalorizou 2,3% frente ao dólar após o presidente dos Estados Unidos declarar que os produtos da União Europeia (UE) seriam os próximos taxados.
O impacto internacional das medidas protecionistas de Trump deve ser maior do que aquele provocado no seu primeiro mandato. Os três países afetados até o momento compõem cerca de 40% das importações dos Estados Unidos, algo em torno de US$ 1,3 trilhão.
Efeito sobre inflação, geopolítica e crescimento
A Bloomberg Economics classificou as medidas de Trump como “o mais amplo ato de protecionismo adotado por um presidente dos EUA em quase um século, dado seu efeito cascata em tudo, desde a inflação até a geopolítica e o crescimento econômico”.
Trump reconheceu que as tarifas impostas aos três países podem causar sofrimento “de curto prazo” para os norte-americanos, já que devem prejudicar o crescimento e reacender a inflação.
“Podemos ter um pouco de dor a curto prazo e as pessoas entendem isso. Mas a longo prazo, os Estados Unidos foram roubados por praticamente todos os países do mundo.”

Todas as bolsas de valores do mundo caíram segunda-feira, inclusive nos Estados-Unidos
‘A guerra comercial mais idiota da história’
Já um editorial do Wall Street Journal chamou as tarifas de Trump de “a guerra comercial mais idiota da história”. O jornal disse que as medidas “lembram a velha piada de Bernard Lewis de que é arriscado ser inimigo da América, mas pode ser fatal ser seu amigo”, acrescentando que a justificativa para “o ataque econômico aos vizinhos não faz sentido”.
Trump respondeu em suas redes sociais que não tolerará mais o “roubo de décadas da América” de países que devem aos Estados Unidos porque compram menos do que vende.
Segundo ele, os três já tarifados devem 36 trilhões de dólares aos Estados Unidos.
Os três países alvo das medidas de Trump já anunciaram medidas em retaliação. O Canadá publicou uma lista de produtos dos EUA que também terão tarifas de 25% a partir de terça-feira (04/02), quando entram em vigência as medidas norte-americanas.
A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, por exemplo, usou as redes sociais para rebater as acusações de Trump e rejeitar “categoricamente a calúnia da Casa Branca acusando o governo mexicano de ter alianças com organizações criminosas, bem como qualquer intenção intervencionista em nosso território”.
A China disse que entraria com uma ação judicial na Organização Mundial do Comércio (OMC) e propôs aos Estados Unidos um diálogo franco que fortalecesse a cooperação.
Segundo diversos meios, a intenção da China é se comprometer a aumentar as importações dos Estados Unidos, retomando um acordo firmado e nunca cumprido.