A posse de Nicolás Maduro na Venezuela, marcada para esta sexta-feira (10/01), contará com a presença de uma delegação do Partido dos Trabalhadores (PT) e de outras organizações sociais brasileiras, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviará ao menos quatro representantes, entre militantes e integrantes do Diretório Nacional da sigla. São eles: Camila Moreno, Vera Lúcia Barbosa, ambas da executiva do PT, Mônica Valente, secretária executiva do Foro de São Paulo, e Valter Pomar, diretor da Fundação Perseu Abramo.
O MST, por sua vez, será representado por João Pedro Stedille, membro da coordenação nacional do movimento, e por outros militantes.
Em entrevista a Opera Mundi, Valter Pomar, também professor da Universidade Federal do ABC, afirmou que a presença do PT na posse segue a resolução da sigla que reconheceu a vitória de Maduro e saudou os venezuelanos pela eleição. Segundo ele, é “pelos motivos nela expostos” nesta resolução que o partido estará presente na cerimônia.
Na opinião de Pomar, Brasília deveria ter reconhecido o veredito final da Justiça venezuelana acerca da vitória de Maduro: “Se isto tivesse ocorrido, o status da representação brasileira na posse não seria uma questão”.
O governo brasileiro deve ser representado na posse pela embaixadora do Brasil em Caracas, Glivania de Oliveira.
De acordo com Jamil Chade, do Uol, o Brasil foi oficialmente convidado por Caracas nesta terça-feira (07/01) e decidiu que a presença da embaixadora seria a melhor forma de se fazer presente, sem a presença de ministros de Estado ou do próprio presidente Lula.
“Há países apostando num Guaidó Segundo”
Para o professor da UFABC, o Brasil deveria ser representado pelo chanceler Mauro Vieira. Sobre a ida ou não do presidente Lula, Pomar afirmou que “o partido não debateu nem deliberou sobre este tema”. “Na minha opinião estritamente pessoal, o governo brasileiro deveria ter reconhecido o veredito final da justiça venezuelana acerca da vitória de Nicolás Maduro. Se isto tivesse ocorrido, o status da representação brasileira na posse não seria uma questão”, completou.
Pomar, no entanto, avalia que a presença da embaixadora brasileira é significativa. “Para quem acha muito pouco ter enviado a embaixadora, quero lembrar que há países apostando num Guaidó Segundo“, disse ele, fazendo referência ao apoio que Edmundo González Urrutia está recebendo dos Estados Unidos.
Em nota divulgada no dia 29 de julho, um dia após o pleito venezuelano, a Executiva Nacional do PT saudou os venezuelanos pelo processo eleitoral (leia a íntegra) , chamando-o de “pacífico, democrático e soberano”. O texto afirmava também que o partido “seguirá vigilante para contribuir, na medida de suas forças, para que os problemas da América Latina e Caribe sejam tratados pelos povos da nossa região, sem nenhum tipo de violência e ingerência externa”. Sobre as relações de Maduro com a oposição (boa parte dela reconhece a vitória de Maduro), a nota afirmava considerar “importante que o presidente Nicolás Maduro, agora reeleito”, mantivesse o diálogo “no sentido de superar os graves problemas da Venezuela, em grande medida causados por sanções ilegais”.
O governo brasileiro, por sua vez, parabenizou o “caráter pacífico” das eleições presidenciais, sem, contudo, reconhecer a reeleição de Maduro. O Brasil também afirmou que acompanhava com “atenção” o processo de apuração das atas eleitorais.
Em agosto passado, o presidente Lula disse que “ainda não” reconhecia o resultado eleitoral de 28 de julho que definiu a vitória de seu homólogo venezuelano. Depois, afirmou que Maduro é “problema da Venezuela, não do Brasil“, ao defender a soberania de cada país.
Pomar afirmou esperar que a relação entre Brasília e Caracas “volte ao normal”, apontando que, com Donald Trump de volta à Casa Branca, América Latina e Caribe terão mais problemas para enfrentar a extrema direita: “Divididos será muito mais difícil”.