Na Colômbia, a quebra do sistema de poupança informal, conhecido como “pirâmides”, causou uma forte crise social no segundo semestre de 2008, quando milhares de pessoas perderam seus depósitos. Estimativas do governo anunciaram perdas totais de até 500 milhões de dólares.
O princípio do sistema, empreendido na época por cerca de 200 empresas no país, funciona da seguinte forma: uma pessoa pode abrir uma conta com no mínimo 50 dólares, mas para cobrar seus dividendos – que geralmente são altos e a curto prazo – deve levar ao sistema ao menos dois correntistas a mais. Quando o primeiro depositante cobra o que foi investido ou os benefícios prometidos, o pagamento é feito com o capital depositado pelas pessoas que ele trouxe ao banco. Cada uma delas, por sua vez, também levou pelo menos duas pessoas. E assim se vai formando uma pirâmide que chegou a ter milhares de integrantes.
Na Colômbia, o esquema era utilizado principalmente por pessoas de baixa renda, que não podiam pagar as altas taxas da poupança dos bancos.
No começo, as pirâmides cresceram rapidamente – algumas ofereciam rendimentos mensais de até 150%. Tudo funciona bem contato que novos correntistas continuem chegando e a base segue aumentando.
O risco é que a cadeia não é eterna, porque chega o momento em que alguns dos que estão na parte de baixo da pirâmide não conseguem recompor os valores do outros.
E foi isso o que aconteceu. Com o caos instalado e milhares de pessoas indo às ruas, exigindo os valores, as captadoras de dinheiro desapareceram do dia para a noite. Nos protestos que eclodiram em todo o país, três pessoas morreram devido a confrontos com a polícia e muitas outras se suicidaram.
O governo suspeitou que as pirâmides serviam também para lavar dinheiro provenientes do tráfico de drogas. As autoridades acreditam que cerca de 1 bilhão de dólares sujos foram aplicados neste sistema informal de poupança.
DMG
A febre por altos rendimentos chegou a tais extremos que na região de Putumayo – na fronteira com o Equador – muitos correntistas optaram por viver somente com os rendimentos que as aplicações nas pirâmides proporcionavam.
Exatamente nesta localidade nasceu a DMG, empresa de David Murcia Guzmán. A DMG criou um modelo de negócio que fazia venda de cartões de débito pré-pagos a clientes que eram também os vendedores. Eles poderiam usar os cartões para comprar produtos, como aparelhos eletrônicos, ou acumular pontos em diferentes cartões para trocá-los por dinheiro em alguns meses, mas precisavam trazer ao sistema novos vendedores, que também comprariam os cartões.
O sistema ruiu da mesma forma que o das outras captadoras. O governo teve de criar um novo delito no código penal colombiano para intervir na DMG, porque não se tratava da típica captação massiva de dinheiro público.
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