As ruas de Nairobi, capital do Quênia, voltaram a ser palco de protestos contra o governo do presidente William Ruto, do partido de centro-direita Aliança Democrática Unida.
Nesta quinta-feira (08/08), dezenas de milhares de pessoas participaram em atos contra a nomeação dos novos ministros que foram anunciados após a demissão de quase todo o gabinete – medida tomada dias antes como forma de tentar conter as críticas contra um projeto de lei que previa aumentar os impostos.
O projeto de reforma tributária foi tirado da pauta legislativa do Congresso queniano em junho, após semanas de fortes protestos no país.
Porém, com a nomeação de um novo ministério, a imprensa local passou a especular com a possibilidade de o projeto ser retomado, mas com um novo texto, que buscaria suavizar as medidas que são mais contestados pela população.
Nas redes sociais, as diversas organizações envolvidas na convocação dos atos batizaram o evento de “a mãe de todos os protestos” ou “marcha nane nane” – em idioma suaíli, usado em grande parte da região oriental da África, “nane” significa oito, e “nane nane” se refere à data de 8 de agosto, em que acontece a manifestação.
Os protestos também reivindicam a punição aos responsáveis pela extrema violência usada pela polícia local contra os manifestantes nos protestos realizados em maio e junho.
Segundo a Comissão Nacional de Direitos Humanos do Quénia, os atos registrados até junho tiveram como resultado a morte de 51 pessoas, além de 413 feridos.
O número de vítimas fatais poderia ser até maior, já que o informe também fiz que 59 pessoas que participaram dos atos estão desaparecidas, em casos que estão sendo investigados como possíveis desaparecimentos forçados.