A divulgação do primeiro rascunho de um possível acordo sobre o clima não contribuiu para destravar as negociações, que avançaram modestamente durante a semana na conferência sobre mudanças climáticas das Nações Unidas, em Copenhague.
Dois pontos do texto divulgado nesta sexta-feira, em especial, geraram desconforto nos países mais industrializados. As metas de redução na emissão de carbono estão substancialmente acima do que eles estariam dispostos a cumprir.
A proposta inicial determina que as emissões de CO2 no planeta sejam cortadas entre 50% e 95% até 2050. Para os países ricos, a meta para 2020 varia entre 25% e 40%. Nos dois casos, a comparação é com os níveis de 1990. O rascunho afirma que a temperatura da Terra não deve aumentar acima de um valor situado entre 1,5 e 2 graus Celsius, comparando-se com o período anterior à Era Industrial.
Outro fator que contribuiu para a rejeição de algumas partes foi a determinação de que o acordo final tenha força de lei para as nações industrializadas.
Os países em desenvolvimento não teriam metas obrigatórias – o que segundo o embaixador brasileiro Luiz Alberto Figueiredo não significa menor comprometimento desse grupo, que inclui o Brasil.
“O texto deixa claro que os países em desenvolvimento não terão um caminho livre ou voluntário. O que se espera deles é o mesmo nível de comprometimento dos países industrializados”, declarou o embaixador, durante coletiva de imprensa na noite desta sexta-feira.
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Reações
A falta de uma cláusula legalmente vinculante aos países emergentes, entretanto, irritou os Estados Unidos. O negociador Todd Stern qualificou o rascunho como “desequilibrado”. “O documento é um passo construtivo, mas não há ação real dos países em desenvolvimento”.
O representante da União Europeia, Anders Turesson, levantou dúvidas sobre a eficácia do primeiro esboço. Ele considerou o texto “fraco” e insuficiente para impedir que a temperatura da Terra suba mais que 2 graus.
Questão imprescindível nas negociações, o rascunho deixa um vácuo na questão do financiamento de longo prazo. Nenhum número é citado e o montante que os países ricos vão investir na redução de emissões das economias mais pobres ainda é um mistério.
Próximos passos
O rascunho desta sexta-feira será discutido entre os negociadores e delegados dos 192 países-membros da ONU. Sem unanimidade, não haverá avanço.
“Caso haja um país que diga que não é possível trabalhar nessa base, não trabalharemos nessa base. O próximo passo é limpar o máximo, fazer as escolhas e entregar esses resultados na próxima semana”, explicou o embaixador brasileiro Luiz Alberto Figueiredo.
A versão final do documento deve ficar pronta até quarta-feira, quando se iniciam as negociações consideradas de “alto nível”. Na próxima semana, chefes de Estados e de governo começam a chegar a Copenhague. Haverá encontros bilaterais, trilaterais, rodas de discussões entre as diversas partes até que se chegue ao texto final.
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