O presidente cubano, Raúl Castro, fez hoje (2) a maior reforma no governo desde que assumiu o poder, em 2006, ao demitir dez importantes funcionários, unificar dois ministérios e dissolver outros dois.
Raúl demitiu inclusive três importantes ministros considerados próximos a seu antecessor, Fidel Castro: do Exterior, Felipe Pérez Roque, da Economia, José Luis Rodriguez, e do Conselho de Ministros, Carlos Lage, virtual primeiro-ministro do país.
Num comunicado lido pela televisão estatal em Havana, o Conselho de Estado, presidido por Raúl, diz considerar que as mudanças se justificam porque “hoje precisamos de uma estrutura mais compacta e funcional, com um número menor de organismos na administração central do Estado e uma melhor distribuição de suas funções”.
A nota oficial acrescenta que a reforma governamental não acabou e em breve haverá outras mudanças. “[O Conselho de Estado] decidiu continuar a estudar a atual estrutura do governo com o objetivo de, pouco a pouco, diminuir seu tamanho e elevar sua eficiência”.
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Quando foi nomeado ministro, na década passada, Felipe Pérez Roque – então um desconhecido funcionário do regime – foi considerado pela imprensa oficial cubana como “o único capaz de interpretar o pensamento do comandante-em-chefe”, cargo militar de Fidel.
Carlos Lage foi o autor das tímidas reformas econômicas da década passada, que abriram a ilha ao mundo capitalista. E José Luis Rodriguez foi o economista que secundou essa reforma. Ao contrário do que costuma acontecer, o comunicado não especifica se os três vão ocupar outras cargos.
Nesta reforma, Raúl Castro trouxe para o governo dois novos rostos: Rodrigo Malmierca, como ministro do Comércio Exterior e Investimentos Estrangeiros, e Bruno Rodriguez, que nomeou ministro do Exterior.
Estados Unidos
Num momento em que se especula sobre uma aproximação de Cuba com os Estados Unidos, Raúl nomeia dois ministros que viveram em New York como embaixadores nas Nações Unidas.
A reforma afeta também os Ministérios da Alimentação e da Pesca, Finanças e Preços, Comércio Interno, Trabalho e Segurança Social, assim como Ciência e Tecnologia.
Há um ano e meio, o presidente mencionou a necessidade de maior disciplina no setor econômico, depois que o Parlamento aprovou um novo regulamento de disciplina trabalhista que, pela primeira vez na história da revolução, admitiu as demissões.
Em dezembro, Raúl queixou-se, de novo no Parlamento, que suas orientações não estavam sendo cumpridas, e reforçou a possibilidade de uma profunda reforma ministerial.
Segundo Phil Peters, vice-presidente do Lexington Institute, centro de estudos político-sociais localizado no estado da Virgínia, e especialista em assuntos cubanos, as reformas foram “modestas”.
Política controlada
“Não penso que seja uma grande reforma governamental”, disse ao Opera Mundi. No entanto, ele considera que, “modestamente, ao dissolver dois ministérios e unificar outros dois, é claro que [Raúl] está colocando seus próprios quadros em diferentes postos”.
Na sua opinião, ainda é muito cedo para medir o impacto da reforma no relacionamento com os Estados Unidos. “Tenhamos as coisas claras. A política de Cuba em relação aos Estados Unidos vai ser controlada e foi definida pelo próprio Raúl. É uma política clara e ele já disse o que tinha a dizer”.
Durante sua visita ao Brasil, em dezembro, Raúl Castro disse que estava disposto a conversar com o presidente Barack Obama, mas “sem condições” nem “pressões”.
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