RD do Congo aceita participar de diálogo com milícia M23
País enviará diplomatas a Angola para reunião com representantes do grupo paramilitar apoiado pelo governo de Ruanda
O governo da República Democrática do Congo (RDC) anunciou neste domingo (16/03) que enviará representante à mesa de diálogo proposta pelo presidente de Angola, João Lourenço, para discutir uma saída negociada para o conflito iniciado no norte do país, com a invasão das províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul por parte da milícia M23, a qual é apoiada pelo governo de Ruanda.
Os congoleses aceitaram a proposta angolana, apesar do silêncio do presidente Félix Tshisekedi a respeito do tema. A porta-voz do país, Tina Salama, disse que diplomatas do país irão a Luanda para “ouvir a proposta de mediação”.
“Manteremos nossas expectativas reservadas, mas respeitamos o presidente Lourenço e vamos ouvir o que ele propõe”, disse Salama, em coletiva de imprensa.
Vale destacar que Lourenço, além de mandatário de Angola, ocupa a Presidência pro-tempore da União Africana durante este ano de 2025.
A declaração de Kinshasa acontece dias depois de o Exército congolês iniciar uma contraofensiva para tentar retomar o controle de algumas cidades em Kivu do Norte e Kivu do Sul.
Em reação aos ataques, o grupo paramilitar M23 publicou um comunicado em suas redes sociais, no qual acusou o governo da República Democrática do Congo de “tentar torpedear” a mesa de diálogo.

Porta-voz congolesa Tina Salama disse que governo do país participará de diálogo proposto por Angola
Invasão patrocinada por Ruanda
O conflito na região teve início quando o M23 iniciou uma invasão de parte do território congolês em janeiro passado, e que tomou as cidades de Goma, capital de província de Kivu do Norte, e Bukavu, capital da província de Kivu do Sul.
O M23 é um dos mais de 100 grupos armados que formam parte da chamada Aliança do Rio do Congo (CRA, por sua sigla em inglês) e que lutam contra o exército congolês, com o apoio financeiro, logístico e bélico entregue pelo governo de Ruanda, além do envio de tropas do país para participar de ações conjuntas no território vizinho.
Por sua parte, o governo da República Democrática do Congo diz que Ruanda patrocina grupos milicianos da região com o objetivo de se apropriar das riquezas minerais da região.
De acordo com agências da Organização das Nações Unidas (ONU) que atuam no continente africano, a invasão do M23 às províncias do leste da República Democrática do Congo provocou mais de sete mil mortes, somente entre janeiro e fevereiro deste ano, incluindo um massacre no qual 163 mulheres foram queimadas vivas, além do deslocamento massivo de mais de sete milhões de pessoas.
Com informações de TeleSur e Al Jazeera.
