O primeiro-ministro trabalhista do Reino Unido, Keir Starmer, anunciou nesta quarta-feira (05/01) um plano para uma grande expansão da geração nuclear ancorado em pequenas centrais. Ele também apelou às empresas de tecnologia para que trabalhem com o governo na construção pequenos reatores modulares que alimentariam data centers de Inteligência Artificial, que são de alto consumo energético.
As modificações propostas por Starmer no planejamento e na legislação da área possibilitarão, pela primeira vez, que centrais nucleares sejam construídas em qualquer ponto do país, e não apenas nas oito áreas atualmente liberadas para isso.
Starmer anunciou também a criação de uma força-tarefa para simplificar as regras e a forma como os desenvolvedores e produtores de energia nuclear se envolvem com os reguladores. Atualmente, segundo o governo, entre o planejamento e a entrada em operação de uma central nuclear no Reino Unido podem se passar quase 20 anos, o que torna um projeto desses lá um dos mais caros do mundo.
Com isso, há décadas não se constrói uma nova usina nuclear no país. A geração nuclear, que em 1990 representava 25% da geração total britânica, hoje responde por apenas 10% e muitos reatores antigos serão desativados na próxima década. Por esses e outros motivos, o país produz a energia elétrica mais cara da Europa.

O primeiro-ministro britânico Keir Starmer, do partido trabalhista
‘Energia mais barata, crescimento e empregos qualificados’
“Mudaremos as regras para apoiar os construtores e acabar com o bloqueio as nossas chances de energia mais barata, crescimento e empregos por muito tempo”, disse Starmer. Ele já advertiu os oponentes que pensa valer-se da maioria que seu partido tem agora no Parlamento para garantir que o projeto prospere.
O primeiro-ministro britânico disse que mudará “arcaicas” que atrasaram a Grã-Bretanha na corrida global por energia limpa, segura e acessível e que isso gerará milhares de empregos altamente qualificados no país.
O projeto se baseia principalmente em reatores nucleares modulares. Estes reatores podem ser instalados próximos às indústrias eletrointensivas, como os centros datacenter de inteligência artificial perto de Oxford e Cambridge.
Ainda não há pequenas centrais nucleares em operação
O problema é que embora existam 80 projetos desse tipo no mundo, nenhum ainda está em funcionamento comercial. E alguns têm absorvido boa parte do financiamento público. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica, o conceito ainda precisa ser comprovado comercialmente.
O Greenpeace criticou a iniciativa dizendo que o governo não aplicou nenhuma avaliação crítica ou exigiu evidências da viabilidade do que propõe.
“O governo trabalhista engoliu completamente a propaganda da indústria nuclear. Eles apresentam como fatos meras conjecturas otimistas. Custos, velocidade de entrega e a segurança dos pequenos reatores nucleares não estão claros”, disse o diretor do Greenpeace no Reino Unido Doug Parr.