A extrema direita também avança no Reino Unido, seguindo tendência da Europa, apesar das pesquisas de opinião indicarem vitória folgada para os Trabalhistas. Os britânicos vão às urnas no próximo dia 4 de julho para eleições gerais antecipadas.
O Reform UK, partido de extrema direita, lançou seu plano de governo com foco na política anti-imigratória, o qual é a base da sua agenda. Em conversa com a imprensa no País de Gales, o líder do Reform UK, Nigel Farage, discutiu os cinco principais pontos de seu manifesto, chamado por ele de “contrato” com os eleitores.
Farage reforçou seu compromisso em deportar imigrantes sem documentação e está disposto a tirar o Reino Unido da Convenção Europeia de Direitos Humanos. O Reform UK também vem como uma agenda anti-ambiental propondo o avanço da exploração de óleo e gás e abandono total de corte das metas de emissão de carbono. A segurança também tem destaque prometendo prisão perpétua para traficantes de drogas.
Do ponto de vista econômico, o Reform UK promete redução de impostos e injeção bilionária na economia e investimento no sistema de saúde pública para cortar pela metade da fila de mais de 7 milhões de pessoas a espera de tratamento. Além da agenda ideológica forte contra, por exemplo, diversidade de gênero.
Quem é Nigel Farage, líder do partido Reform UK
O partido Reform UK, ou Reforma em tradução livre, é formado por dissidentes do partido conservador, no poder há 14 anos, mas de uma ala ainda mais à direita. O líder do partido é um velho conhecido em toda Europa. Nigel Farage foi um dos arquitetos da campanha que resultou na saída do Reino Unido da União Europeia em 2016 enquanto esteve à frente do partido Brexit, batizado, anos depois, de Reform UK que continua com uma agenda ultra-nacionalista e anti-imigratória. O líder do partido se recusa a ser classificado como de extrema direita e ameaça processar quem o chamar assim.
Farage também tem a conhecida personalidade de um líder politicamente incorreto, populista e de carisma. Mas ele precisa ser eleito como membro do Parlamento e já perdeu sete eleições.
Portanto, as chances do partido vencer a maioria das cadeiras no Parlamento e formar um governo nas eleições gerais do dia 4 de julho são mínimas, para não dizer nenhuma. Os Trabalhistas têm cerca de 42% das intenções de voto e devem levar essas eleições com 20% de vantagem sobre o Partido Conservador. Mas o Reform UK está ganhando espaço desde que anunciou sua entrada na campanha com Farage e tem hoje cerca de 15% das intenções de voto, ameaçando o atual primeiro-ministro Rishi Sunak.
A presença deles nessas eleições, portanto, é uma dor de cabeça principalmente aos conservadores, de onde os eleitores devem migrar.
Farage lançou o manifesto já se posicionando como o principal partido de oposição aos Trabalhistas de olho nas eleições de 2029, ou seja, ele sabe que agora não vai vencer, mas tem cinco anos pela frente para sedimentar a base de apoio seguindo uma tendência na Europa como França, Portugal e Itália.
Frustração dos eleitores
Há uma descrença dos eleitores com a política e em particular com os conservadores que estão no poder há 14 anos. Os britânicos estão lidando com um custo de vida elevado e estão insatisfeitos com a condução do governo atual que foi bastante conturbado e por isso o pêndulo volta para a esquerda para o principal partido, o do Trabalhista de Keir Starmer que, na verdade, é bem moderado e está mais ao centro da sigla jogando um jogo politico muito cauteloso.
Ele, inclusive, tem sido criticado por não se comprometer com muita coisa. Porém, o Reform UK se apresenta como uma alternativa mais radical, se vende como a real mudança e se propõe a cumprir uma agenda que polariza o país.
No primeiro dia de campanha, Farage foi cercado por apoiadores e opositores e acabou recebendo um milkshake de banana na cara.
Ameaça da extrema direita
Os conservadores reconhecem a ameaça e têm tentado se ater a uma melhoria tímida dos indicadores econômicos como sinal de que dias melhores virão graças ao trabalho deles. Já o líder do partido trabalhista não está disposto a ter um embate direto com Farage.
O foco dos trabalhistas é vencer as eleições contra a política do governo Sunak. Nas palavras de Keir Starmer, os eleitores têm a opção de “escolher o mais do mesmo, ou virar a página da história e reconstruir o país”. Veremos o resultado daqui a duas semanas.