Republicanos pedem deportação de candidato muçulmano à prefeitura de Nova York

A vitória do candidato muçulmano Zohran Mamdani nas primárias do Partido Democrata para a prefeitura de Nova York desencadeou uma onda de ataques islamofóbicos e apelos de políticos republicanos de extrema direita por sua deportação.

Mamdani derrotou o ex-governador Andrew Cuomo na votação democrata. Ele é o favorito para assumir a prefeitura da maior cidade dos Estados Unidos nas eleições programadas para 4 de novembro. Filho de pais indianos, ele nasceu em Uganda e aos sete anos de idade se mudou para Nova York. É cidadão norte-americano, naturalizado desde 2018.

Segundo reportagem de Gustaf Kilander, no The Independent, a reação mais contundente veio do New York Young Republican Club (NYYRC), o Clube Jovem Republicano de Nova York, que publicou nas redes sociais um “chamado à ação” pedindo que o presidente Donald Trump revogue a cidadania de Mamdani e o expulse do país.

“O radical Zohran Mamdani não pode ser autorizado a destruir nossa amada cidade de Nova York”, escreveu o grupo na plataforma X. Na postagem, os jovens republicanos pedem a Trump que invoque o Communist Control Act (Lei de Controle Comunista), sancionada pelo presidente Dwight Eisenhower em 1954, durante a Guerra Fria. A lei proibiu oficialmente o Partido Comunista nos EUA.

Eles também demandaram ações diretas de Stephen Miller, vice-chefe de gabinete da Casa Branca, e de Tom Homan, o “czar das fronteiras” do governo Trump.

Mamdani sofre onda de ataques islamofóbicos e apelos de políticos republicanos de extrema direita por sua deportação
Reprodução X / @ZohranKMamdani

Macarthismo

Em postagem no seu Truth Social, Trump havia chamado o candidato democrata de “lunático comunista”. Stephen Miller, por sua vez, declarou que a eleição do socialista é o “alerta mais claro até agora sobre o que acontece com uma sociedade que não controla a imigração”.

Outro grupo republicano, Republicans for Renewal (Republicanos pela Renovação Nacional) também exigiu a deportação do candidato democrata, em uma escalada de retórica inspirada no macarthismo dos anos 1950, aponta a reportagem.

“Nova York está prestes a eleger um socialista como prefeito… Talvez seja hora de trazer de volta o comitê”, sugeriu o senador republicano Mike Collins, pela Georgia, uma das vozes do grupo fundado em 2020. O “comitê” referido é o Comitê de Atividades Antiamericanas, criado pelo senador Joseph McCarthy (1947-1957), para perseguir os comunistas durante a Guerra Fria.

O deputado republicado Andy Ogles, do Tennesse, também postou nas redes sociais afirmando que Mamdani “precisa ser deportado. Por isso estou pedindo que sejam iniciados procedimentos de desnaturação contra ele”.

Ele se referiu ao candidato democrata de forma pejorativa, como “pequeno Muhammad”, chamando-o de “antissemita, socialista, comunista que vai destruir a grande cidade de Nova York”, desta a reportagem.

Resposta de Mamdani

Em resposta aos ataques, Mamdani afirmou seu compromisso com a democracia. “Me mudei para cá aos sete anos. Esta é minha casa. E tenho orgulho de ser cidadão, o que significa defender nossa Constituição”, escreveu.

“A vereadora Paladino talvez devesse lê-la”, ironizou, referindo-se à republicana Vickie Paladini, que também pediu sua deportação.

Mamdani construiu sua campanha com foco na crise de moradia, defendendo políticas como creche universal, transporte gratuito e congelamento de aluguéis em imóveis com controle estatal. Ele irá enfrentar o atual prefeito Eric Adams, próximo de Donald Trump, que concorrerá como candidato independente nas eleições.