“Chegamos aqui para apoiar nosso presidente. Estamos dispostos a tudo, até a morrer, para que ele regresse a Honduras e expulse o golpista [Roberto Micheletti], mas precisamos que nos ajude a ficar”.
Julio Cesar Valencia é um professor que veio do departamento (estado) de del Valle, em Honduras, cruzando a fronteira pela cidade de Las Manos para apoiar o presidente deposto Manuel Zelaya, como as dezenas de militantes que chegam aos poucos das montanhas. Os grupos esperavam receber tendas, mas o acampamento não tem previsão para ficar pronto. Logo, alguns começam a se queixar.
Seguidor do presidente deposto acampa em El Paraiso – Gustavo Amador/EFE
Zelaya anunciou ontem (25) que instalaria um acampamento no lado nicaraguense da fronteira de Las Manos e distribuiria água e comida para fazer uma nova tentativa de entrar em seu país, algo que não ocorreu.
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O número total de apoiadores de Zelaya em seu exílio nicaraguense não passa de 200 e apesar de Mel seguir afirmando que espera para os próximos dias a chegada de milhares de hondurenhos, amanhã (27) alguns militantes tentarão regressar a Honduras, devido às precárias condições.
“Somos professores, e estamos tentando voltar a Honduras porque já estamos há muitos dias aqui e não temos recursos para ficar”, afirma Julio Cesar.
Estratégia
Hoje (26), Zelaya passou o dia organizando uma estratégia em Dipilto, cidade próxima à fronteira, sem que os jornalistas tivessem acesso ao que estava sendo falado. “Nem tudo o que digo é certo. Sei que meus inimigos pegam informações dos meios de comunicação internacionais, então às vezes passo informações equivocadas para confundir os golpistas. E hoje precisamos planificar nossa estratégia em segredo”, disse Zelaya em frente ao hotel Frontera, onde está hospedado, em Ocotal.
E a estratégia se faz mais difícil de ser compreendida se tomado em conta o que um oficial da Polícia Nacional nicaraguense, que apoia as operações de Mel na Nicarágua, disse ontem (25) ao Opera Mundi. “Não é que seja secreto, mas Zelaya decide o que fazer somente com meia hora de antecedência. Não existe estratégia”, contou.
Tensões
E enquanto aguarda a chegada de sua família e dos milhares de militantes que supostamente devem chegar em breve, no lado hondurenho segue o toque de recolher, os bloqueios a estradas e os protestos.
Na capital, Tegucigalpa, foram registrados confrontos entre a polícia e pessoas que velavam o corpo do jovem Pedro Martinez, morto na sexta-feira (24) na cidade de El Paraíso. Um grupo queimou um carro policial.
Ana Velia Aguilar, prima, e Ever Muñoz, irmão de Pedro Muñoz, no velório do jovem – Ulises Rodríguez/EFE
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EUA
Em meio ao clima de tensão, e com o convite feito pela secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, para que Zelaya viaje aos Estados Unidos na próxima terça-feira (28), o presidente deposto respondeu hoje: “Se Washington que falar comigo, que mande um delegado a Ocotal”.
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O presidente deposto criticou o fato de os Estados Unidos já não utilizarem o termo “golpe de Estado” nem se manterem “firme” contra aqueles que o depuseram em 28 de junho.
“O que espero dos Estados Unidos é que sejam fortes e reticentes, e que esclareçam sua posição contra o governo golpista, porque nas últimas declarações vi que desapareceu o termo 'golpe de Estado', quando no começo era usado”, disse.
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