Mais de 130 chefes de Estado e de Governo são esperados em Nova York a partir de domingo (22/09) para a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), num momento em que a comunidade internacional é incapaz de baixar as armas em Gaza, na Ucrânia ou no Sudão.
A poucos dias do grande evento, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que apesar das suas divisões, o mundo pode “evitar caminhar para uma terceira guerra mundial”.
“Do Oriente Médio ao Sudão, à Ucrânia ou em outras partes, vemos as balas e as bombas mutilarem e matarem, os corpos que se amontoam, populações estão traumatizadas, edifícios em ruínas”, denunciou recentemente o português António Guterres.
Nesta sexta-feira (19/09), Moscou recusou categoricamente a possibilidade de um encontro entre os ministros das Relações Exteriores da Rússia e dos Estados Unidos. Serguei Lavrov representará o governo russo na Assembleia. Neste conflito que tem consequências e um peso cada vez maior para as economias europeias, o risco nuclear é o que mais preocupa pelas frequentes ameaças do Kremlin.
O encontro “não poderia ocorrer em um momento mais crítico”, comentou a embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, recordando uma longa lista de conflitos, violência e crises humanitárias que assolam Gaza, Ucrânia, Sudão, Haiti, Mianmar ou Venezuela. “Diante de todos estes desafios, é fácil cair no cinismo, abandonar a esperança e renunciar à democracia, mas não podemos permitir isso”, insistiu.
As ausências mais notáveis, agora habituais, serão as dos presidentes russo, chinês, cubano, mexicano e provavelmente venezuelano.
No entanto, é pouco provável que a reunião diplomática produza resultados concretos para os milhões de civis que pagam o elevado preço dos conflitos, das violações das liberdades fundamentais e das desigualdades.
Oriente Médio
Com a presença do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, e do novo presidente iraniano, Massoud Pezeshkian, “Gaza será o mais proeminente dos conflitos nos discursos”, disse à AFP Richard Gowan, do International Crisis Group.
A mudança do “centro de gravidade” da guerra prolongada em Gaza, que Israel desloca agora para sua fronteira norte, com o objetivo de enfraquecer o Hezbollah no Líbano, como demonstrou a série de explosões de dispositivos de comunicação em redutos desta milícia apoiada pelo Irã e aliada do Hamas, amplificam os temores de uma guerra regional.
G20 aberto
A abertura da Assembleia Geral acontecerá na terça-feira (24/09), com discursos dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e de Joe Biden, dos Estados Unidos, como é tradição na ordem protocolar da ONU.
O presidente Lula chega a Nova York já neste sábado, para eventos preliminares, acompanhado do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e de outros ministros.
Lula participará da Cúpula do Futuro sobre questões climáticas, do painel “Em defesa da democracia, combatendo os extremismos e a desinformação” e da abertura da segunda reunião de chanceleres do G20. Pela primeira vez, uma reunião do G20 irá acontecer em meio à cúpula das Nações Unidas. O encontro do grupo dos países mais desenvolvidos, presidido pelo Brasil, será aberto a todos os seus membros.
Outros líderes também estarão presentes, como o espanhol Pedro Sánchez, o indiano Narendra Modi, ou o ucraniano Volodymyr Zelensky.
A presença de representantes de todos os países em Nova York fomenta uma atividade frenética de reuniões bilaterais e setoriais para abordar questões de relevância internacional, enquanto as ONGs realizam reuniões paralelas para promover sua agenda, particularmente a climática.
Um dos encontros irá abordar a crise política na Venezuela, depois de o presidente Nicolás Maduro ter sido declarado vencedor numa disputa que a oposição e inúmeros países denunciam como fraudulenta.
Entre as pautas da agenda estão a reforma do Conselho de Segurança para ampliar o número de membros, além do fortalecimento do multilateralismo e da arquitetura financeira internacional, visando atender aos objetivos de desenvolvimento dos países e enfrentar as ameaças e desafios do Século 21. Entre elas, a luta contra a mudança climática, o desarmamento ou o desenvolvimento da inteligência artificial.