Terça-feira, 17 de junho de 2025
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Após ser acusada pelo Ocidente de interferir nas eleições parlamentares da Geórgia, a Rússia rejeitou, nesta segunda-feira (28/10), as afirmações “absolutamente infundadas” e enfatizou que “é muito importante que nenhum terceiro país interfira nos resultados” do pleito.

O posicionamento do Kremlin vem após a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a União Europeia e os Estados Unidos pedirem uma “investigação minuciosa” sobre supostas violações nas eleições parlamentares no país europeu.

De acordo com os resultados oficiais, cuja oposição contestou, o partido governista Sonho Georgiano, pró-Rússia, venceu o pleito com quase 54% dos votos. O país vive em uma República Parlamentarista, em que a pessoa no cargo da Presidência tem poderes majoritariamente cerimoniais, enquanto o governo é liderado pelo primeiro-ministro, que por sua vez é eleito pelos parlamentares, definidos nesta última eleição.

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“Rejeitamos veementemente tais alegações”, declarou o porta-voz russo, Dmitry Peskov. “Tornou-se rotina para muitos países apressar-se em culpar a Rússia por interferência em qualquer ocasião. No entanto, isso não é verdade; não houve interferência, e essas alegações são completamente infundadas”, enfatizou o representante do Kremlin.

Peskov ainda acusou que “várias instituições europeias tentaram influenciar o resultado da votação”. “Não interferimos em assuntos internos da Geórgia e não temos intenção de fazê-lo”, concluiu.

Eleições parlamentares na Geórgia

A Geórgia realizou sua eleição parlamentar no último sábado (26/10), com 18 partidos envolvidos, incluindo o partido governante Sonho Georgiano, que está no poder há 12 anos.

De acordo com os últimos dados da Comissão Eleitoral Central do país, a sigla governista garantiu 52,98% dos votos com 97,48% dos votos contados, permitindo que o Sonho Georgiano formasse um governo de forma independente.

Mikhail Yegikov/TASS
Protestos convocados pela presidente georgiana Salome Zourabichvil após resultado pró-Rússia

Além disso, a Coalizão pela Mudança (11,2%), o Unidade – Movimento Nacional (9,83%), a coalizão Geórgia Forte (9,02%) e o partido Gakharia pela Geórgia (8,22%) também entraram no Parlamento, enquanto outros partidos não conseguiram ultrapassar o limite eleitoral de 5%.

No entanto, após o pleito, a presidente georgiana Salome Zourabichvili, do partido Geórgia Europeia – a favor da adesão do país ao bloco e contrário à aproximação de Moscou – declarou que os resultados obtidos significam “submeter a Geórgia à Rússia” e convocou protestos.

Por sua vez, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a União Europeia e os Estados Unidos endossaram a narrativa.

“A missão de observação internacional constatou as condições desiguais em que as eleições foram realizadas na Geórgia, que minam a confiança do público no resultado”, afirmou um porta-voz da Otan, por meio das redes sociais.

Segundo o representante da organização, “os relatos de violações relacionadas com as eleições devem ser sujeitos a uma investigação minuciosa”.

Os Estados Unidos e a União Europeia também fizeram o mesmo pedido depois que três missões de monitoramento distintas – a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), composta por 57 nações; os grupos sem fins lucrativos norte-americanos National Democratic Institute (NDI) e International Republican Institute (IRI); e um grupo de monitoramento eleitoral georgiano – relataram supostas violações durante a votação do último sábado.

Entre as violações estariam suborno, intimidação de eleitores e violência física perto das seções eleitorais, além do enchimento de urnas. Apesar dos casos, as missões não confirmaram que a votação foi fraudada ou falsificada.

(*) Com Ansa e TASS