Após 100 dias de segundo mandato, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, prometeu neste domingo (16/11) novas diretrizes políticas para os Diálogos de Paz na próxima semana, ocasião em que se completam dois anos de negociações do governo com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Entrevista exclusiva: É prematuro pensar em acordo de paz ainda neste ano, dizem FARC
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Santos venceu o candidato Zuluaga no segundo turno das eleições em junho a contragosto do ex-mandatário e seu rival, Alvaro Uribe
Em entrevista exclusiva ao jornal El Tiempo, o chefe de Estado argumenta que a paz no país – sua principal bandeira durante a campanha eleitoral para reeleição – passa por um “momento crucial” em 2015. “Este ano que está por vir deverá ser o ano da paz: se não formos mais para frente, vamos começar a retroceder”, afirmou.
Para o mandatário, “o verdadeiro inimigo é o conflito”, que já se arrasta há 50 anos e resultou na morte de mais de 200 mil pessoas.
Questionado a respeito de quais medidas serão tomadas a partir de agora, Santos limitou-se a dizer que “chegou a hora de tomar decisões difíceis”. “Tomaremos um passo importante, mas não me anteciparei mais”, comentou.
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Representantes dos Diálogos de Paz entre o governo colombiano e as FARC na capital de Cuba, Havana, em maio deste ano
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À época em que as negociações começaram em Havana, em 2012, Santos chegou a garantir que o processo duraria meses, não anos. “Sei que a impaciência é natural. Quem não quer terminar essa guerra o mais rápido possível? Mas observe o que a chanceler alemã, Angela Merkel, me disse na semana passada: dois anos de conversações para um conflito que dura 50 anos não é muito tempo”, argumentou.
A agenda dos Diálogos de Paz é dividida em cinco grandes pontos. Ao longo dos dois anos, três já foram parcialmente negociados: a participação política para as FARC, o fim do comércio ilegal de drogas e a reforma agrária. No entanto, o presidente colombiano ressalta que os dois últimos tópicos são mais complexos, que envolvem os direitos das vítimas do conflito armado e o desarmamento e a desmobilização da guerrilha.
“Nós não vamos firmar nenhum acordo de paz em que as FARC mantenham as armas ou não se desmobilizem. Essas duas coisas têm de ser feitas. Essa tem sido nossa posição desde o primeiro dia”, reiterou Santos. “A instrução dada aos negociadores do governo é que eles acelerem o processo ao máximo, dentro da seriedade e da prudência”, acrescentou.
Vitor Taveira/Opera Mundi
Comemoração feita pelo Movimiento Bolivariano, braço político urbano das FARC, na sede da Universidade Nacional em Bogotá
Em julho, líderes da FARC afirmaram que o processo pode falhar se o governo colombiano acreditar que poderá render a guerrilha e se recusar a garantir direitos e segurança da oposição, continuando a matar comandantes do grupo. “Eles querem paz de graça, mas isso não vai acontecer”, disse ao Guardian o porta-voz das negociações, Marco Leon Calarcá, em Havana. “Uma pantomima de paz não diz nada sobre as raízes do conflito”, acredita.
O conflito começou em 27 de maio de 1964, quando o Exército colombiano realizou um ataque contra a região de Marquetália, onde camponeses armados desenvolviam uma zona independente do Estado, marcando a criação das FARC.