Quinta-feira, 12 de junho de 2025
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O primeiro-ministro do Senegal, Ousmane Sonko, anunciou que todas as tropas estrangeiras estacionadas no país deverão se retirar até o final de julho. A medida, segundo o premiê, é parte de uma estratégia mais ampla para consolidar a soberania nacional.

“Notificamos todos os países que possuem bases militares no Senegal de que exigimos a retirada completa. Não haverá mais bases militares estrangeiras em território senegalês”, afirmou Sonko, em entrevista à emissora nacional de Burkina Faso, RTB, na segunda-feira (19/05).

De acordo com Sonko, a retirada das forças já começou. Ele confirmou a desocupação de uma base militar, poucos dias antes da entrevista. A transferência de outra instalação está prevista para ser concluída até o fim de julho.

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Como parte do processo, a França, única nação com presença militar oficial no país, já iniciou uma retirada gradual. No dia 15 de maio, autoridades senegalesas retomaram o controle da base naval do Contra-Almirante Protet, em Dacar.

Instalações como Marshall e Saint-Exupéry já haviam sido devolvidas em março, e as restantes serão entregues em fases.

Primeiro-ministro do Senegal, Ousmane Sonko, anuncia retirada de tropas estrangeiras do país o final de julho.
Reprodução vídeo / RTB

Soberania

Sonko classificou a decisão como “uma afirmação normal de soberania” e destacou que o Senegal tem “um exército nacional, forças de defesa e segurança. Acreditamos que somos capazes de garantir a nossa própria segurança”.

O primeiro-ministro ainda fez um apelo a outras nações africanas para que também assumam maior controle sobre seus próprios destinos.

A posição adotada por Dacar segue uma tendência observada em outras nações da África Ocidental. Burkina Faso, Mali e Níger já romperam laços militares com a França nos últimos anos, alegando insatisfação com os resultados das operações antiterrorismo lideradas por Paris e buscando parcerias alternativas, como a Rússia.

Ainda em novembro de 2023, o presidente senegalês Bassirou Diomaye Faye já havia classificado a presença de tropas francesas no país como “incompatível” com a soberania nacional.

A atual decisão reafirma a postura do novo governo, que desde sua chegada ao poder tem adotado medidas para reafirmar o controle pleno sobre o território senegalês.

Governo Faye

Faye assumiu o poder no Senegal em abril de 2024, como o presidente mais jovem do país e nomeou Ousmane Sonko como seu primeiro-ministro.

Sonko liderou a oposição de esquerda ao governo anterior, de Macky Sall. Ele está à frente do partido de esquerda Patriotas Africanos do Senegal para o Trabalho, a Ética e a Fraternidade (Pastef).

Faye e Sonko foram presos por 11 meses e soltos dias antes das eleições, em março de 2024, em meio à uma grande mobilização popular contra as várias manobras do governo Sall de adiar as votações no país.

Com RT e RTB.