Durante o anoitecer desta sexta-feira (6/6), na pequena cidade de Los Andes, no pé da cordilheira do mesmo nome, um grande encontro marcou a história futebolística do Chile.
Victor Farinelli
No total, 800 carros integrarão a invasão chilena que participará dos três jogos da primeira fase do Mundial no Brasil
Homens e mulheres, adultos e crianças, famílias inteiras, grupos de amigos, gente rica, gente pobre, trabalhadores, comerciantes, desempregados. Todos eles se reuniram para um churrasco-camping que durou toda a madrugada. Na manhã deste sábado (07/06), será o começo da Invasão Chilena, que reúne 800 veículos e quase 4 mil pessoas.
Uma aventura na qual Opera Mundi estará presente. O correspondente no Chile, Victor Farinelli, será um dos integrantes da caravana e irá realizar uma espécie de diário de bordo, com as histórias das pessoas, as dificuldades, os imprevistos e as situações inusitadas que esse exército de torcedores vermelhos enfrentará pelo caminho, que passará por Cuiabá (estreia do Chile, no dia 13, contra a Austrália), Rio de Janeiro (Chile x Espanha, no dia 18) e São Paulo (Chile x Holanda, dia 23).
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Assim como na Invasão Corinthiana de 1976, o momento apoteótico da missão chilena será a chegada ao Rio de Janeiro, prevista para o dia 16 de junho. “Vai ser uma onda vermelha de Copacabana até Ipanema. Nem sei se é perto uma praia da outra, mas somos muitos, a gente dá um jeito lá”, diz o comerciante Maurício Rojas, que entre os organizadores é um dos mais entusiasmados. “Vamos fazer uma festa que nenhuma das copas deste continente já viu. Essa torcida vai fazer história nas arquibancadas, para que a nossa ´Roja´ (seleção chilena) faça história também em campo. Seremos a maior torcida estrangeira da Copa”, garantiu.
Organização
Tudo começou com um evento nas redes sociais. A Caravana Santiago-Brasil não tinha muitas pretensões quando o evento foi criado, em outubro de 2013, dias após a classificação dos chilenos para a Copa. Mas a procura foi enorme. Em fevereiro já eram mais de mil os interessados e a organização passou a pensar grande.
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Alberto Schmidt, o idealizador do projeto, também foi quem adaptou a estrutura para permitir o maior número possível de pessoas. “O plano inicial era para uns poucos e pequenos grupos de amigos, que poderiam ficar em hotéis na estrada, mas com toda essa gente reunida, achamos melhor organizar alternativas para todos”. Em cada parada, a caravana armará um camping para os que não puderem ficar em hotéis.
A estrutura será montada a partir da colaboração entre os participantes. “Essa ideia nasceu da união de comunhão de forças mesmo. Todo mundo se ajudando para que todos possam chegar lá”, explica Maurício Rojas, que diz que não é a primeira caravana que organizam. Alguns grupos já se conhecem desde a primeira experiência realizada para a Copa América de 2011, na Argentina. “Mas naquela vez era muito mais fácil, porque o Chile jogou em cidades próximas, como Mendoza e San Juan, foi só cruzar a cordilheira. Agora vai ser uma aventura mesmo”, compara.
Existe uma estrutura preparada para eventualidades mecânicas, alimentares e médicas. “Temos equipamento e suporte técnico para que nenhum veículo fique pelo caminho, e entre os participantes contamos com profissionais de todos os tipos, mecânicos, cozinheiros que organizarão almoços e jantas coletivas, e inclusive médicos, para os que apresentem alguma moléstia no caminho. Estamos preparados para tudo”, assegurou Alberto Schmidt.
Os gastos com essa estrutura também foram compartilhados e os fundos, arrecadados com a realização de rifas e churrascos. Somente os gastos com combustível e pedágios ficarão por conta de cada grupo de participantes. A estimativa é que cada integrante da caravana gaste aproximadamente mil reais para participar da caravana.
Victor Farinelli
Um dos carros que serão utilizados durante a caravana rumo ao Brasil
A maioria dos participantes é das regiões central e sul do Chile, e alguns se juntaram à organização há poucos dias, como é o caso do vendedor de alumínios Miguel Rubio. “Eu e uns amigos vendedores tivemos a mesma ideia do Alberto (Schmidt), mas desistimos em fevereiro, porque achamos muito caro. Aí soubemos da caravana, conhecemos mais gente disposta a compartilhar os gastos com a gente, aí deu certo”, explica. Será na caminhoneta a gás de Miguel que a reportagem do Opera Mundi acompanhará a caravana, nos primeiros dias.
A maior preocupação de Miguel, e de muitos outros participantes, no entanto, é com as entradas. A maioria conseguiu comprar pela internet, mas muitos tentarão conseguir somente no Brasil, por isso a ideia é chegar em cada cidade ao menos dois dias antes de cada jogo.
Além das cidades que sediarão as partidas, a caravana também tem programada uma parada em Belo Horizonte, no dia 15 de junho, para visitar a seleção chilena em sua concentração, na Toca da Raposa – complexo esportivo do Cruzeiro.
A programação considera somente os jogos do Chile na fase de grupos da Copa do Mundo. Se o Chile se classificar para a segunda fase, será feita uma reavaliação da caravana com os que possam continuar a seguir o time, mas a maioria pretende voltar ao país logo após o jogo contra os holandeses.