Em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (04/02), a presidenta mexicana, Claudia Sheinbaum, analisou o acordo político estabelecido com os Estados Unidos, após reunião entre ela e seu homólogo norte-americano Donald Trump.
Segundo a mandatária mexicana, a decisão dos Estados Unidos de desistir de impor uma tarifa de 25% aos produtos mexicanos é positiva, mas seu país espera que essa posição seja permanente. Por enquanto, Washington afirma que o recuo durará somente durante o mês de fevereiro, e que a situação será reavaliada em março, quando as tarifas poderiam ser retomadas, caso o presidente estadunidense tome essa decisão.
“Não queremos tarifas, e queremos que o que decidimos na reunião não dure apenas um mês. Essa é uma negociação que começa agora com muito mais força, e que vamos trabalhar para que seja uma medida permanente”, declarou Sheinbaum.
A mandatária afirmou que Trump apresentou, como uma de suas preocupações, a presença de produtos de exportação do México no mercado dos Estados Unidos, e que ela respondeu que considera esse fator um dos pontos fortes do acordo comercial T-MEC, que envolve os dois países e também o Canadá.
“Isso é parte do que será discutido (em reuniões futuras). Queremos que o tratado permaneça em vigor porque ele tem sido benéfico para todos os três países”, frisou a líder mexicana.
A crise das tarifas começou quando Donald Trump anunciou, no fim de semana, que pretendia impor tarifas aos produtos do México, do Canadá e da China. No caso dos dois países vizinhos, houve um recuo por parte de Washington, após conversas do presidente estadunidense com seus homólogos norte-americanos – além de Sheinbaum, Trump também conversou por telefone com o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.

Claudia Sheinbaum disse que pretende manter vigentes as diretrizes do acordo comercial T-MEC
USAID
Em outro momento da entrevista, Claudia Sheinbaum disse considerar positiva a notícia de que o Departamento de Eficiência Governamental dos Estados Unidos (DOGE, por sua sigla em inglês), recomendou o fechamento da Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID, em sua sigla em inglês).
A USAID é uma das entidades estadunidenses com maior orçamento, cerca de US$ 27 bilhões por ano. Apesar de que seu estatuto diz que ela se dedica a “fornecer assistência econômica, humanitária e de desenvolvimento em todo o mundo”, seu histórico acumula denúncias de atuação para a intervenção de assuntos políticos internos de outros países, incluindo golpes e tentativas de golpes de Estado.
Segundo Sheinbaum, “há tantas coisas acontecendo (no mundo) e acho que não há mais espaço para isso (USAID), é melhor mesmo que ela seja fechada”.
A presidenta mexicana também lembrou que “há suspeitas de interferência (da USAID) na política interna de outros países”, e lembrou do caso da ONG Mexicanos Contra a Corrupção e a Impunidade (MCCI), que organizou diversas manifestações contra o ex-presidente Andrés Manuel López Obrador (2018-2024).
“Há provas documentais de que (a MCCI) recebeu financiamento dessa agência”, ressaltou Sheinbaum.
Com informações de RT.