O escândalo sobre a possível participação do presidente argentino Javier Milei em um esquema fraudulento envolvendo criptomoedas tem ganho repercussão mundial, e dois dos líderes políticos que fizeram comentários a respeito do caso foram a presidente do México, Claudia Sheinbaum, e o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez.
Durante sua tradicional coletiva matutina no Palácio Nacional mexicano, nesta terça-feira, Sheinbaum questionou “até onde vão os poderes de um presidente”.
“Se as suspeitas de que Milei está envolvido na fraude forem confirmadas, é algo gravíssimo. O problema é até onde vão os poderes de um presidente para promover algo privado, porque há um conflito de interesses óbvio aí”, acrescentou a líder mexicana.
Em seguida, uma jornalista perguntou a ela como evitar que casos semelhantes ocorressem no México, ao que a mandatária progressista respondeu rapidamente: “não se metendo”.
“É por isso que separamos completamente o poder econômico do poder político. Os governos existem para servir o povo. O setor privado está aí para fazer negócios, sempre com algum conteúdo social, além do lucro, buscamos garantir que haja responsabilidade social por parte dos empreendedores”, disse Sheinbaum.
Sánchez usa Milei para atacar Vox e PP
Por sua vez, o premiê espanhol Pedro Sánchez usou o caso das criptomoedas para questionar o partido Vox, que lidera a extrema direita em seu país mas mantém fortes vínculos com Milei. Ele descreveu o escândalo envolvendo o presidente argentino como “uma fraude colossal”.
“Vocês (do partido Vox) são para a política espanhola o que a criptomoeda de Milei é para os eleitores argentinos: uma fraude colossal”, disse Sánchez em discurso no Parlamento espanhol.

Sánchez e Sheinbaum criticaram possível relação de Milei com negócios privados
Seguindo com a declaração, o mandatário espanhol também mirou suas críticas ao líder do conservador Partido Popular (PP), Alberto Núñez Feijóo, ao dizer que ele “chegou à política espanhola dizendo que ia trazer uma política para adultos, que era fazer propostas, moderação, acordos programáticos, mas o que trouxe de verdade foi só fake news e polarização”.
Como o caso surgiu
O caso surgiu na última sexta-feira (14/02), após Milei postar uma mensagem de seus perfis do Instagram e X para promover um suposto projeto privado de financiamento de startups argentinas por meio da compra da recém-criada criptomoeda $LIBRA.
O líder de extrema direita fixou suas postagens em ambas as plataformas, onde tem mais de 6 milhões de seguidores. As postagens mencionaram a hashtag #VivaLaLibertadProyect, com base em seu famoso slogan “Viva la libertad, carajo”.
A disseminação da mensagem de Milei gerou uma alta vertiginosa no valor da $LIBRA, porém, minutos depois, a criptomoeda despencou para quase zero. Estima-se que, em um período de três horas, o golpe afetou mais de 44 mil pessoas, não só na Argentina, mas também em outros países.
Especialistas no mercado de moedas virtuais relataram que o fenômeno foi resultado de um movimento de algumas carteiras virtuais que já possuíam uma grande quantidade de moedas $LIBRA e aproveitaram a oportunidade para vender todas as suas moedas quando o valor disparou. Segundo estimativas, essas carteiras teriam obtido um lucro entre 70 e 100 milhões de dólares em poucas horas.
A justiça argentina investiga possíveis vínculos entre Milei e empresários ligados à criptomoeda $LIBRA. Além disso, foi apresentado um pedido ao Congresso do país para iniciar um processo de impeachment contra o presidente, caso seu envolvimento no crime seja comprovado.
Com informações do La Jornada e Página/12.