Atualizado às 17h05
A Justiça israelense condenou por homicídio nesta quarta-feira (04/01) o soldado Elor Azaria, que matou com um tiro na cabeça, em maio, o jovem palestino Abdel Fatah al-Sharif, que se encontrava ferido e imobilizado no chão.
A presidente do tribunal militar, a juíza Maya Heller, leu durante cerca de três horas a sentença na qual afirmou que Azaria sabia que sua ação provocaria a morte de al-Sharif e que ele matou o palestino sem motivo justificável.
Agência Efe
Elor Azaria momentos antes da leitura de sua sentença, em que ele foi condenado por homicídio
Heller descartou os argumentos da defesa do soldado, que alegava que Azaria havia disparado por temer que Sharif portasse uma bomba ou tentasse pegar de novo a faca que havia utilizado, momentos antes, para atacar outro militar israelense.
Após a leitura do veredito, uma familiar do condenado foi expulsa da sala por gritar contra os juízes e afirmar que a sentença era “uma vergonha”.
“Amanhã não haverá Exército. O Exército está acabado”, gritou em referência ao argumento de que as Forças de Defesa de Israel abandonaram seu soldado. Outro familiar gritou “asquerosos esquerdistas”, antes de deixar a sala.
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O caso provocou grande tensão na sociedade israelense, dividida entre os que defendem a atitude do soldado e os que acreditam que sua ação foi imoral e contrária ao código militar, que permite disparar para matar apenas quando houver grave risco para a vida ou a integridade.
Nesta quarta, nos arredores da sede central do Exército, em Tel Aviv, centenas de pessoas se manifestaram contra o processo, entre gritos contra os árabes e contra a esquerda israelense, que apoia a condenação.
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Políticos e cidadãos israelenses pedem que Azaria seja perdoado; nesta quarta, algumas pessoas se manifestaram em frente ao tribunal a favor do soldado
Alguns ministros israelenses também se manifestaram em defesa de Azaria. Os ministros da Cultura e dos Esportes, da Educação, da Defesa, do Transporte e do Interior criticaram a sentença e pediram que o soldado seja perdoado.
“Hoje, um soldado que matou um terrorista que merecia morrer, que tentou matar outro soldado, foi acorrentado e condenado como um criminoso”, disse ao jornal local Haaretz o ministro da Educação, Naftali Bennett, que também é o líder do partido de direita Habayit Hayehudi.
De acordo com o site Ynet, os advogados de Azaria afirmaram que recorrerão ao Tribunal Militar de Apelações, o que poderia alongar o processo por mais quatro meses. Além disso, ainda caberia outro recurso no Supremo Tribunal, a instância máxima da Justiça israelense.
A pena deve ser estipulada nas próximas semanas e, em casos de homicídio, pode chegar a 20 anos de prisão.
A família de Sharif, o palestino morto por Azaria, teme que o soldado receba apenas uma pena simbólica ou que ele seja eventualmente perdoado.
Agência Efe
Palestinos carregam caixão de Sharif, morto em maio por Azaria
“A questão que segue em aberto é qual sentença será imposta a ele [Azaria], e nós não temos muitas expectativas. Está claro que ele receberá uma sentença leve ou será perdoado, porque nós entendemos e estamos acompanhando a pressão que está sendo feita sobre o sistema e a simpatia que o soldado vem reunindo entre a sociedade israelense”, disse ao Haaretz o tio de Sharif, Fathi al-Sharif.
*com Agência Efe