Quarta-feira, 9 de julho de 2025
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Dois soldados israelenses, considerados culpados pelo uso de um menino palestino de nove anos como escudo humano durante invasão à Faixa de Gaza em janeiro de 2009, foram rebaixados e condenados a uma pena de prisão sem efeito, de apenas três meses.

Enquanto serviam na ofensiva terrestre de Israel contra o Hamas, durante a operação “Chumbo Fundido”, os dois soldados de infantaria ajudaram no ataque a um prédio de apartamentos no bairro de Tel Al-Hawa, em Gaza.

Após cercar residentes, a dupla ordenou que Majed Rabah revistasse sacos de explosivos escondidos, de acordo com a decisão de Israel, que continha relatos de testemunhas. Como Rabah não conseguiu abrir um dos sacos, os soldados atiraram no objeto, colocando em risco todos os que estavam presentes, indicou o veredicto. Mais tarde, a criança foi devolvida sem ferimentos à família.

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“Achei que eles iriam me matar. Tive muito medo, tanto que fiz xixi na calça”, afirmou o garoto em um depoimento concedido à organização Defence for Children International, com sede em Genebra. O garoto disse que foi agarrado pelos cabelos e teve o rosto esfregado no chão quando não conseguiu abrir um dos sacos. “Ele então atirou no saco…achei que tinha atirado em mim, depois gritei e coloquei minhas mãos na cabeça. Outro soldado veio e disse: 'Vá atrás da sua mãe'. Eu corri e me escondi nos braços dela e falei que estava tudo bem”.

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Rabah ficou desapontado com a decisão judicial: “É injusto. Deveriam ficar presos por um ano ou dois”, disse à agência de notícias Reuters. A mãe de Rabah, Afaf, disse que os soldados israelenses deveriam ser levados a um tribunal internacional de crimes de guerra. “Isso é um escândalo, que somente encoraja outros a continuarem esse comportamento violento, que envia mensagens negativas tanto para as vítimas quanto para os soldados”, afirmou ao site israelense Ynet.

Por sua vez, o advogado dos soldados, Ilan Katz, afirmou que estava satisfeito com o resultado. “Poderíamos ter chegado a um acordo sem ter submetido os soldados a esse julgamento. São heróis, precisamos de mais pessoas assim no exército”, afirmou Katz.

“Chumbo Fundido”

A invasão à Faixa de Gaza em dezembro de 2008 e janeiro de 2009 aconteceu após mísseis disparados do território palestino atingirem cidades israelenses próximas à fronteira. Durante o ataque, as tropas israelenses mataram 1.400 pessoas, em sua maioria civis.

A infraestrutura de Gaza foi severamente afetada e houve diversas denúncias de que Tel Aviv utilizou em pontos civis armamento proibido por convenções internacionais, como bombas de fósforo.

Uma investigação da ONU (Organização das Nações Unidas), coordenada pelo juiz sul-africano Richard Goldstone, acusou Israel e o Hamas de terem cometido crimes de guerra durante o conflito. O juiz recomendou um recurso à Corte Penal Internacional se o Estado hebreu não organizar uma investigação digna de crédito.



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Soldados israelenses que usaram menino palestino como escudo humano recebem penas leves

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