Terça-feira, 20 de maio de 2025
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O papa Francisco morreu nesta segunda-feira (21/04) aos 88 anos. O pontífice faleceu em sua residência na Casa Santa Marta, no Vaticano. O líder da Igreja Católica sofria de “pneumonia bilateral” com “infecção polimicrobiana”.

Francisco havia recentemente superado o quadro, mas não resistiu a complicações de saúde que o acompanhavam há meses. Ele morreu às 7h35 (horário local), na Casa Santa Marta, residência onde escolheu viver desde o início de seu pontificado.

A notícia foi confirmada pelo Vaticano em uma declaração em vídeo transmitida por seu canal oficial. “Queridos irmãos e irmãs, é com profunda tristeza que devo anunciar a morte de nosso Santo Padre Francisco”, declarou o cardeal Kevin Farrell, visivelmente emocionado, em mensagem transmitida ao mundo inteiro.

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Um papado de ruptura e esperança

Nascido Jorge Mario Bergoglio, em Buenos Aires, no dia 17 de dezembro de 1936, Francisco foi eleito em 13 de março de 2013, tornando-se o primeiro papa jesuíta, o primeiro do hemisfério sul e o primeiro não europeu em mais de 1.200 anos.

Seu pontificado foi marcado por uma tentativa corajosa — e muitas vezes turbulenta — de modernizar uma instituição milenar, frequentemente resistente a mudanças. Enfrentando tensões internas, Francisco propôs uma Igreja mais próxima dos pobres e marginalizados, mais transparente e comprometida com a justiça social, ambiental e inter-religiosa.

Durante seu mandato como Sumo Pontífice da Igreja Católica, ele visitou mais de 50 países, levando uma mensagem de paz, humildade, harmonia social e respeito aos valores democráticos. Seu trabalho papal também foi caracterizado pela denúncia das desigualdades sociais, críticas ao sistema capitalista e rejeição firme de crimes sexuais entre o clero.

Graças às suas ideias reformistas, ele quebrou as velhas estruturas da Igreja Católica, não apenas em seu discurso, mas também por meio de suas políticas como autoridade máxima da instituição religiosa.

Reformas e enfrentamentos

Desde o momento em que chegou, ele endureceu as leis para processar a pedofilia no Vaticano, por exemplo, forçando a hierarquia da Santa Sé a denunciar casos de abuso sexual. Além disso, e pela primeira vez em 40 anos, ele alterou o Código de Direito Canônico para permitir formalmente que as mulheres assumissem mais funções dentro da Igreja Católica. Ele também se manifestou a favor da permissão de uniões civis entre homossexuais porque “eles são filhos de Deus e têm direito a uma família”.

No entanto, o Vaticano esclareceu logo depois que “não é lícito” para a instituição eclesiástica conceder bênção para relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo.

Além disso, durante 11 anos de papado, Francisco buscou reformar a Cúria Romana e combater a corrupção financeira. Suas atitudes, no entanto, geraram divisões profundas dentro da Igreja, especialmente entre setores conservadores que o viam como demasiadamente liberal.

Adeus ao papa da humildade

Em vida, Francisco rejeitou os luxos do Vaticano. Recusou-se a viver nos aposentos papais, optando pela simplicidade da Casa Santa Marta. Solicitou, antes de sua morte, um funeral modesto, semelhante ao de um bispo comum, e será sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma — lugar que simboliza seu afeto pelos excluídos e peregrinos.

Com sua morte, tem início o período conhecido como Sé Vacante. O conclave que elegerá seu sucessor deve ser convocado nas próximas semanas. A sucessão de Francisco definirá os rumos da Igreja em um momento em que suas reformas ainda provocam debates acalorados.

Francisco parte deixando uma marca profunda e, ao mesmo tempo, controversa: a de um pastor que tentou levar a Igreja às periferias, mesmo enfrentando as resistências do centro.

(*) Com Brasil 247 e RT en Español