O governo do Sudão revelou nesta quarta-feira (13/02) estar em “total acordo” com a Rússia para ratificar a criação de uma base naval russa na costa do Mar Vermelho. O anúncio foi feito pelo ministro das Relações Exteriores sudanês, Ali Youssef Ahmed al-Sharif, durante uma visita oficial a Moscou.
“Chegamos a um entendimento sobre essa questão. Portanto, a pergunta é bastante simples. Não tenho nada a acrescentar. Nós concordamos e acertamos tudo”, disse Youssef em coletiva após reunião com seu homólogo russo, Sergey Lavrov. Segundo o ministro sudanês, não é necessário formalizar um novo acordo, uma vez que o original está em aberto há anos.
A ideia de permitir que a Rússia tenha uma instalação naval na costa do Sudão foi levantada pela primeira vez em 2017, pelo então presidente Omar al-Bashir durante uma viagem a Sochi. O acordo supostamente permitia que a Marinha russa mantivesse na região até quatro navios, incluindo embarcações movidas a energia nuclear por um período de 25 anos. No entanto, o mandatário foi deposto durante um golpe militar em 2019 e, dois anos depois, a implementação do acordo foi suspensa sob o novo regime.
Se o acordo mencionado por Youssef for ratificado, a Rússia se juntará aos Estados Unidos e à China na região, uma vez que as duas potências possuem bases ao sul em Djibouti.
O Mar Vermelho é uma das vias navegáveis estrategicamente mais importantes do mundo, conectando o Canal de Suez ao Oceano Índico, por onde se passa cerca de 12% do comércio global.
O navio porta-contêineres Ever Given no Canal de Suez, no Egito, visto da Estação Espacial Internacional
Ainda durante a reunião em Moscou, Lavrov disse que sua nação está pronta para trabalhar com os parceiros internacionais para ajudar a restaurar a estabilidade no Sudão, que enfrenta uma guerra civil desde abril de 2023.
“Como verdadeiros amigos, estamos profundamente preocupados com os eventos dramáticos que ocorrem no Sudão. Estamos prontos para nos unir a outros atores externos no apoio aos esforços para normalizar a situação”, disse, acrescentando que a retomada completa da cooperação bilateral com o Sudão depende das condições de segurança do país.
Em seguida, Youssef agradeceu a solidariedade de Moscou durante “uma guerra séria entre o exército (sudanês) e as Forças de Suporte Rápido (RSF)”.
(*) Com Sputnik News
