O jornalista norte-americano Ali Abunimah, de origem palestina, cofundador e diretor do site Electronic Intifada, foi expulso da Suíça hoje (28/01) depois de três dias preso em isolamento sem qualquer acusação formal. Ele entrou no país dar uma série de palestras sobre a questão palestina e foi preso horas antes de participar de um evento em Zurique.
Nascido em Washington (EUA), Abunimah é filho de mãe palestina da Cisjordânia e pai ex-diplomata da Jordânia. Estudou na Bélgica e no Reino Unido e, nos Estados Unidos, trabalhou em veículos como o Los Angeles Times e Chicago Tribune. Também participou de muitos debates na televisão (CNN, MSNBC, PBS) sobre o conflito israelense-palestino.
Em 2001, co-fundou o site Electronic Intifada, que oferece uma perspectiva palestina sobre os acontecimentos do Oriente Médio. Ele é ferrenho defensor a solução de um Estado único onde judeus e palestinos convivam com direitos iguais.
Sua prisão gerou fortes protestos de diversas instâncias internacionais. Irene Kan, relatora special da ONU sobre liberdade de opinião e expressão, classificou a prisão de “notícia chocante” e pediu a sua libertação na plataforma X, no domingo (26/01).
Liberdade de expressão na Europa está comprometida
“O clima relacionado à liberdade de expressão na Europa está se tornando cada vez mais tóxico e todos nós deveríamos nos preocupar”, disse Francesca Zlbanese, relatora especial da ONU sobre direitos humanos nos territórios ocupados.
O conselheiro governamental e chefe do Departamento de Segurança da Suíça, Mario Fehr, justificou a prisão dizendo que “a Suíça não queria um islamista que odeia judeus incitando a violência no país”. Ao próprio jornalista, os agentes informaram que estava detido por “ofender a lei suíça”, sem especificar qual. Ele foi interrogado por agentes da inteligência do ministério da Defesa sem a presença de um advogado.

O jornalista Ali Abunimah, cofundador do site Electronic Intifada
As declarações da política foram interpretadas como um ataque direto à liberdade de imprensa e uma tentativa de silenciar as vozes críticas sobre a situação na Palestina.
O site Electronic Intifada publicou que sua prisão se enquadra no marco de uma “crescente reação dos governos ocidentais contra expressões de solidariedade ao povo palestino”. O site observou que, em 2024, vários ativistas e jornalistas pró-Palestina foram presos, tiveram suas casas ou redações invadidas ou foram acusados por instâncias oficiais de “contraterrorismo” no Reino Unido.
Reino Unido prende e intimida jornalistas
Entre esses jornalistas estava Asa Winstanley, editor associado do EI, que teve a casa invadida e computadores e telefones apreendidos, sem ter sido acusado de crime algum.
Durante uma manifestação de solidariedade à Palestina que ocorreu no sábado, em Genebra, alguns oradores protestaram contra a prisão de Abunamah por não ter base legal. “Ele é difamado pela mídia de Zurique. A liberdade de expressão é um direito constitucional na Suíça. Nós apoiamos Ali Abunimah, todos os ativistas palestinos e ativistas pelos direitos humanos”, disse uma das manifestantes.
O jornal Jerusalem Post reproduziu algumas das declarações que Abunimah fez no passado. Numa delas ele afirma que “o sionismo é uma das piores formas de antissemitismo existentes hoje” e que o apoio ao sionismo “não é uma expiação pelo Holocausto” e sim “a continuação do seu espírito”.
Abunimah classificou os ataques do Hamas de 7 de outubro de “ato de resistência” e criticou notícias falsas dizendo que “não havia nenhuma evidência confiável de um único estupro ocorrido naquele dia”.