Taiwan defende paz com China, mas reforça defesa; Pequim critica
Presidente Lai Ching-te reiterou busca por diálogo; 'tática de duas caras', diz governo chinês
No marco do primeiro ano de mandato, o presidente de Taiwan, Lai Ching-te, reiterou nesta terça-feira (20/05) os apelos por paz e diálogo com o governo chinês, mas que continuará fortalecendo as defesas da ilha em meio à escalada de tensões entre ambos os países.
“A paz não tem preço e a guerra não tem vencedores. Quando se trata de buscar a paz, não podemos ter sonhos nem ilusões”, disse o mandatário durante uma coletiva em Taipé, acrescentando estar “comprometido com a paz”. “Muitos países do mundo, incluindo Taiwan, são ameaçados e coagidos pelos agressores. […] Embora nossa busca pela paz seja sincera, não deve ser ingênua.”
Lai defendeu o reforço de suas defesas, ao sustentar que a preparação para uma possível guerra é uma alternativa de evitá-la.
“Taiwan está feliz em ter intercâmbios e cooperação com a China, desde que haja dignidade recíproca. Usando intercâmbios para substituir o isolamento, o diálogo para substituir o confronto”, destacou.

Presidente de Taiwan, Lai Ching-te, durante discurso de seu primeiro ano de mandato na ilha
Entretanto, nesta terça-feira, o Escritório da China sobre Assuntos de Taiwan classificou o discurso de Lai como uma “tática de duas caras” que é um “desperdício de esforço e está fadado ao fracasso”.
“Não importa o que ou como os líderes da região de Taiwan digam, isso não pode mudar o fato de que Taiwan é uma parte da China (…) nem pode parar a tendência inevitável de reunificação nacional”, disse o porta-voz do escritório, Chen Binhua, em um comunicado.
O Ministério da Defesa do país afirmou na semana passada que Lai era um “criador de crises no Estreito de Taiwan” que aumentou o antagonismo e o confronto, prejudicando a estabilidade regional.
O Partido Comunista da China (PCC) cortou os laços com Taiwan quando a antecessora de Lai, Tsai Ing-wen, venceu as eleições de 2016 por seu partido pró-soberania Democrático Progressista, sigla considerada como “separatista ilegal” pelo governo chinês.
Em resposta ao recente discurso do presidente taiwanês, a mídia estatal oficial chinesa Xinhua acusou Lai de “escalar deliberadamente” as tensões entre os dois lados do Estreito.
“Desde que assumiu o cargo, o governo Lai Ching-te buscou descaradamente a ‘independência de Taiwan’ para servir ao ganho partidário e pessoal, avançando de cabeça em um caminho de divisão e confronto que ameaça a paz e a estabilidade do Estreito de Taiwan”, disse o veículo.
Além da China, o discurso de Lai desta terça-feira se concentrou nas promessas domésticas de reduzir as emissões de carbono e nos planos para lidar com as tarifas punitivas do governo norte-americano de Donald Trump.
