O grupo fundamentalista Talibã anunciou nesta quarta-feira (08/09) que está proibido realizar manifestações sem a autorização do governo.
Segundo a organização, a proibição é porque tais atos “causam distúrbios na vida normal, atrapalham as pessoas” e criam diversos “problemas de segurança”.
A declaração, assinada pelo Ministério do Interior, diz que todas as manifestações devem ser “solicitadas até 24 horas” do horário previsto com o “propósito e slogans da demonstração, bem como o local e hora do início e fim da demonstração e outros detalhes”.
“Até que todo processo seja concluído ninguém deve aparecer e causar preocupação aos nossos compatriotas”, diz ainda o texto.
A regra vem após dias seguidos de protestos das mulheres afegãs em cidades como Herat e Cabul, capital do país, em atos que foram marcados por agressões contra as participantes. Também grupos pequenos que protestam pelos direitos humanos foram agredidos e, em alguns deles, houve mortes.
Nesta quarta, por exemplo, duas manifestações de mulheres em Cabul e em Badakhshan, no norte do Afeganistão, foram reprimidos com “chicotes e varas”.
Além de protestos, o Talibã também pode fazer outras proibições nos esportes, banindo as mulheres. Um dos líderes culturais do grupo, Ahmadullah Wasiq, afirmou que as afegãs não poderão mais praticar esportes que “exponham seus corpos”.
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Manifestações no Afeganistão deverão ser informadas com um dia de antecedência ao Talibã
Em uma entrevista à emissora australiana SBS, Wasiq defendeu que a presença de mulheres no esporte é algo desnecessário. O vice-chefe da comissão cultural do Talibã comentou especificamente sobre o críquete, uma das atividades esportivas mais populares do Afeganistão e da Ásia.
Ainda nesta quarta, o novo primeiro-ministro interino do Afeganistão, Mohammad Hasan Akhund, pediu, em entrevista à emissora Al Jazeera, que ex-funcionários que fugiram do país após a volta do Talibã, retornem ao país, afirmando que o grupo “garantirá segurança e proteção”.
Ele declarou ainda que o governo interino vai garantir a segurança de diplomatas, embaixadas e instituições de ajuda humanitária, e que o grupo deseja estabelecer relações positivas e fortes com países da região e do mundo.
Ex-presidente afegão pede desculpa à população
O ex-presidente do Afeganistão Ashraf Ghani, que está exilado nos Emirados Árabes Unidos, divulgou, também nesta quarta-feira, um comunicado em que pede desculpa ao povo afegão por ter deixado o país de forma abrupta, em 15 de agosto, quando o Talibã tomou Cabul. A mensagem foi divulgada um dia após anúncio do novo governo no Afeganistão.
No comunicado, o ex-presidente acrescenta que fugir da capital foi a “decisão mais difícil” de sua vida. “Mas acredito que era a única maneira de manter as armas em silêncio e salvar Cabul e seus 6 milhões de cidadãos. Nunca foi minha intenção abandonar o povo”, disse.
(*) Com Ansa.