Enquanto as negociações entre o governo golpista e o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, seguem sem decisão, cerca de três mil pessoas protestaram hoje (31), na capital Tegucigalpa, para exigir a volta do líder ao cargo.
Os manifestantes percorreram pacificamente as avenidas da cidade em direção à sede do Congresso, na região central.
A esposa de Zelaya, Xiomara Castro, também participou da manifestação. Na quinta-feira, ela saiu da zona fronteiriça com a Nicarágua e retornou à capital, após desistir de tentar se reunir com o marido.
Essa foi a 34ª manifestação a favor de Zelaya, inclusive a que reuniu o maior número de pessoas.
Ontem, um confronto entre a polícia, as Forças Armadas e os simpatizantes do líder deposto deixou pelo menos seis pessoas feridas e 88 foram detidas, de acordo com os dados do novo governo. A Frente de Resistência contra o golpe, formada principalmente por professores, sindicalistas e camponeses, estima que os números sejam de 72 e 100, respectivamente.
O representante da CUT (Central Única dos Trabalhadores) João Batista Gomes, enviado a Honduras pela instituição, afirma que a repressão no país aumentou. O brasileiro conta que entre os feridos hospitalizados está o candidato à presidência de Honduras das próximas eleições, Carlos H. Reyes, que já lançou a candidatura independente, mas está ligado ao Sindicato de Bebidas.
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Exército hondurenho
O coronel Ramiro Archaga, chefe do 1º Batalhão em Tegucigalpa, afirmou em entrevista ao Opera Mundi que, até ontem, as Forças Armadas não tinham feito uso de armas de fogo. “Os soldados atiraram em direção aos manifestantes pela primeira vez ontem. Eles não usavam armas de fogo, somente escudo. Portavam a arma e o cassetete, mas não os utilizavam”.
Ele também afirmou que os manifestantes atiraram pedras nos policiais e nos soldados, e mais de 40 homens do grupamento estão feridos.
Na avaliação do coronel, o Exército não é culpado pela morte de dois manifestantes que participaram de protestos nos dias 5 e 25 de julho. “Os laudos médicos apontam a utilização de armas que não são usadas pelos nossos soldados. Isso é uma mentira que faz parte da campanha de Zelaya contra as Forças Armadas”.
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Archaga afirmou ainda que o departamento jurídico do batalhão irá processar a esposa de Zelaya, Xiomara Castro, por ela ter dito que o Exército hondurenho é assassino, “e sem ter provas disso”.
Para ele, a atuação do Exército hondurenho nos protestos é caracterizada pela proteção, pois tem como objetivo dar segurança aos manifestantes e garantir a ordem no país.
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