Sexta-feira, 7 de novembro de 2025
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O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, exigiu neste sábado (30/11) que os países membros do Brics se comprometam a não criar uma nova moeda ou apoiar outra divisa que substitua o dólar, sob o risco de sofrerem tarifas punitivas de importação de 100% sobre seus produtos.

“A ideia de que os países do Brics estão tentando se afastar do dólar enquanto nós ficamos parados observando ACABOU. Exigimos que esses países se comprometam a não criar uma nova moeda do Brics, nem apoiar qualquer outra moeda que substitua o poderoso dólar americano, caso contrário, eles sofrerão 100% de tarifas e podem esperar dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia dos EUA”, escreveu Trump em sua rede social, a Truth Social.

“Eles podem procurar outro ‘otário’. Não há nenhuma chance do Brics substituírem o dólar americano no comércio internacional, e qualquer país que tentar deve acenar adeus aos Estados Unidos”, acrescentou Trump na rede.

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Em sua campanha, Trump já havia prometido que puniria países que se afastassem do uso do dólar americano e buscassem se envolver em comércio bilateral com moedas diferentes.

Evan Vucci/AP/picture alliance
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, exigiu neste sábado (30/11) que os países membros do Brics se comprometam a não criar uma nova moeda ou apoiar outra divisa que substitua o dólar

Agora, as declarações de Trump ocorrem pouco mais de um mês após a última cúpula de líderes do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e que também passou a incluir este ano o Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Irã.

No encontro de outubro, em Kazan, na Rússia, representantes do Brics discutiram meios de desdolarizar transações e fortalecer outras moedas. Na ocasião, em discurso por videoconferência, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que a criação de uma alternativa ao dólar para comércio entre os países do bloco precisava avançar e não poderia mais ser adiada.

“Agora é chegada a hora de avançar na criação de meios de pagamento alternativos para transações entre nossos países. Não se trata de substituir nossas moedas. Mas é preciso trabalhar para que a ordem multipolar que almejamos se reflita no sistema financeiro internacional”, disse Lula.

O Brasil também vai assumir a presidência do bloco a partir de 1° de janeiro de 2025, e, além de avançar na discussão sobre alternativas ao dólar, também deseja ampliar a atuação do banco do Brics, atualmente presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff.

O tema também é de interesse de outro membro do Brics: a Rússia, que passou a enfrentar sanções internacionais após iniciar sua guerra de agressão contra a Ucrânia em 2022 e viu sua moeda, o rublo, perder valor frente ao dólar. Na cúpula de Kazan, em outubro, Moscou fez pressão por uma declaração conjunta incentivando o “fortalecimento das redes de correspondentes bancários dentro do Brics e a permissão de liquidações em moedas locais, de acordo com a Iniciativa de Pagamentos Transfronteiriços do Brics”.

No final da cúpula, o líder da Rússia, Vladimir Putin, também acusou os EUA de “usar o dólar como arma”. “Não somos nós que nos recusamos a usar o dólar”, disse Putin no evento. “Mas, se não nos deixam trabalhar, o que podemos fazer? Somos forçados a buscar alternativas.”

Putin, também se queixou que pouco progresso havia sido feito para o lançamento de um sistema para oferecer uma alternativa à rede global de mensagens bancárias Swift. Isso permitiria ao Kremlin driblar várias das sanções impostas por países ocidentais.