Trump encerra conferência da ultradireita reafirmando apoio a Bolsonaro e Milei
Presidente dos EUA usou CPAC para reforçar alianças globais, com foco nos países sul-americanos
Donald Trump encerrou neste sábado (22/02) a Conferência da Ação Política Conservadora (CPAC) com um discurso inflamado, reafirmando seu compromisso com o conservadorismo e prometendo restaurar os Estados Unidos. O evento acontece em Washington desde a última quarta-feira (19/02).
O presidente norte-americano afirmou que “ninguém jamais viu algo como” o esforço de sua administração para demitir milhares de funcionários federais e reduzir o tamanho do governo. Ele se congratulou por ter “dominado” Washington e mandado os burocratas “embora”.
Falando para uma plateia de entusiastas, Trump prometeu “forjar uma nova e duradoura maioria política que influenciará a política norte-americana por gerações”. O discurso, que durou mais de uma hora, também refletiu o tom da campanha do ex-presidente e previu que o Partido Republicano continuará a vencer e contrariar as expectativas históricas nas eleições de meio de mandato, nas quais o partido do presidente tradicionalmente enfrenta dificuldades.
O mandatário também fez referência a aliados internacionais, como Nigel Farage, Javier Milei e Jair Bolsonaro. Ao ser mencionado, Eduardo Bolsonaro, presente na plateia, se levantou, colocou a mão no peito em agradecimento e, em seguida, compartilhou um vídeo nas redes sociais destacando a citação de Trump.

Discurso de Donald Trump foi o ponto alto da CPAC 2025, realizada em Washington
A festa dos anistiados da invasão ao Capitólio
Em uma das festas pós-evento da CPAC, Richard Barnett, condenado a quatro anos de prisão por invadir o Capitólio e colocar os pés sobre a mesa de Nancy Pelosi, exibia orgulhoso seu certificado de perdão assinado por Trump.
Outros personagens envolvidos no ataque de 6 de janeiro de 2021 circulavam livremente pelo evento. Washington, durante a conferência, tornou-se palco de celebração para os anistiados. Entre os presentes estavam Stewart Rhodes, fundador do Oath Keepers, e Enrique Tarrio, líder dos Proud Boys, condenados respectivamente a 18 e 22 anos de prisão. Agora livres, posavam para selfies e interagiam com simpatizantes.
Ambos foram libertados em 21 de janeiro, um dia após a posse de Trump, graças a uma anistia ampla concedida pelo novo presidente aos condenados pela insurreição que abalou a democracia norte-americana.

Richard Barnett, um dos invasores do Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021, exibe certificado de perdão que recebeu de Trump
Eduardo Bolsonaro busca apoio para o pai em Washington
Durante seu discurso na CPAC, Eduardo Bolsonaro defendeu que Jair Bolsonaro não poderia ser responsabilizado pelos atos de 8 de janeiro de 2023 no Brasil, já que morava na Flórida na época. Ironizando a tentativa de golpe, chamou-a de “Golpe da Disney”.
Eduardo também comemorou o fim do financiamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAid, por sua sigla em inglês) à ONGs como o Atlantic Council, classificando-as como “inimigas” e elogiando Trump por cortar recursos que, segundo ele, favoreciam a censura ao conservadorismo no Brasil.
Nos corredores da convenção, um banner com a imagem de Jair Bolsonaro e o lema “Deus, Pátria, Família e Liberdade” foi exibido próximo ao estande da Judicial Watch, organização conservadora conhecida por processar governos democratas.
Em sua missão internacional para arrecadar apoio para o ex-presidente Jair Bolsonaro, Eduardo participou ainda do programa chamado One America News Network, de Matt Gaetz, ex-deputado republicano que chegou a ser indicado para coordenar o departamento de justiça norte-americano, mas desistiu do cargo antes de passar pelo escrutínio no Senado. No currículo de Gaetz constavam diversas acusações na justiça, envolvendo, entre outros, tráfico sexual de menores.
Durante uma mesa redonda ocorrida nos bastidores do evento, Eduardo também citou o apoio do estrategista político Steve Bannon, dizendo que ele também tem ajudado o pai no que chamou de “luta nojenta”. Bannon que gerou polêmica no palco da CPAC reproduzindo um gesto ligado ao nazismo, o que fez com que Jordan Bardella, presidente do partido de ultradireita da França, cancelasse a sua participação no evento.

Eduardo Bolsonaro esteve no evento realizado em Washington e falou em nome do seu pai, que teve seu passaporte apreendido e não pode fazer viagens internacionais
Milei brilha na CPAC com sua motosserra anti gastos
No primeiro dia do evento, o presidente argentino, Javier Milei, roubou a cena com o presente oferecido ao trilionário Elon Musk, que encabeça a secretaria do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, por sua sigla em inglês). O argentino trouxe à conferência uma motosserra similar àquela que foi utilizada em sua campanha presidencial, simbolizando o corte radical de gastos do estado.
Cortar gastos, enxugar a máquina estatal e promover a iniciativa privada, assim como moedas alternativas parecem ser lógicas compartilhadas entre as estratégias administrativas da Argentina de Milei e dos Estados Unidos de Trump.
Até mesmo o recente escândalo e a consequente crise em seu governo, a maior desde que Milei assumiu, em torno da criptomoeda $LIBRA, parecem coincidências duvidosas de ambas nações.
Na noite da última sexta-feira (14/02), Milei fez um post em suas redes sociais para promover uma cripto recém-criada, a $LIBRA. O valor do ativo disparou, mas despencou nas horas seguintes, causando prejuízos para mais de 40 mil pessoas.
Pouco antes de assumir, Donald Trump lançou duas criptomoedas batizadas como $TRUMP e $MELANIA, que também atraíram investimento em tempo recorde e perderam a liquidez em um intervalo de tempo menor ainda.
