Trump recua: não demitirá Powell e baixará tarifas contra a China; ações sobem
Presidente dos EUA afirmou que taxas cairão 'substancialmente, mas não serão zero'
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, garantiu nesta terça-feira (22/04) não ter “nenhuma intenção” de demitir o atual presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome H. Powell, contudo acrescentou que “gostaria de vê-lo um pouco mais ativo no que diz respeito à ideia de reduzir as taxas de juros”.
Trump recua, após as bolsas reagirem à ameaça de interferência do seu governo no banco central norte-americano, o Fed. Desde quinta-feira (17/04), o bilionário vem pressionando Powell para baixar as taxas de juros do país, atualmente, entre 4,25% e 4,50% ao ano.
Ele chegou a ameaçar demiti-lo, caso o FED não cortasse sua taxa básica de juros, chamando Powell de “grande perdedor” e o acusando de “fazer política”. “Se eu quiser que ele saia, ele sairá de lá muito rápido, acredite em mim”, afirmou.
Nos Estados Unidos, por lei, os membros do conselho do Federal Reserve (Fed), só podem ser destituídos “por justa causa”, o que é interpretado como má conduta grave e outras violações.

Abe McNatt / White House
Como destaca The New York Times, a independência do Fed em relação à Casa Branca é vista como sacrossanta em Wall Street. Embora a perspectiva de um impasse nas taxas de juros seja preocupante, a ameaça de Trump contra a independência política do Fed gerou uma inquietação muito maior.
Tarifas contra a China
Trump também afirmou, nesta coletiva, que as tarifas sobre os produtos chineses, que batem 145%, “cairão substancialmente, mas não serão zero”. Horas antes, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, havia criticado as altas taxas “insustentáveis”, afirmando esperar uma “desescalada” da guerra comercial entre os dois países.
“Nenhum dos lados acredita que o status quo seja sustentável”, disse o secretário do Tesouro, segundo uma transcrição obtida pela Associated Press. As declarações de Bessent geraram alívio no mercado global de ações, tenso com as ameaças ao Fed, levando à subida do índice de ações S&P 500 para em 2,5%.
Trump reconheceu o aumento no mercado de ações após as declarações de Bessent, porém não confirmou se também achava que a situação com a China era insustentável. “Estamos indo bem com a China”, disse.
O presidente dos Estados Unidos ainda garantiu que será “muito gentil” e que não jogará duro com o presidente chinês Xi Jinping. “Vamos viver juntos muito felizes e, idealmente, trabalhar juntos”, complementou.
Bolsas reagem
O recuo do presidente dos Estados Unidos teve uma resposta positiva imediata em Wall Street. Os índices de ações dos EUA subiram quase 2% no final do pregão desta terça-feira. Na véspera, tanto ações quanto títulos haviam caído e o dólar fechou em baixa de 1,32%, cotado a R$ 5,72, o menor valor desde os primeiros anúncios do tarifaço.
