Um juiz de Nova York adiou “indefinitivamente” nesta sexta-feira (22/11) a sentença de Donald Trump no processo criminal do caso envolvendo a compra do silêncio da atriz pornô Stormy Daniels, que disse ter sido ameaçada anos depois de ter tido relações sexuais com o empresário e político.
Daniels, de 45 anos, é pivô de um escândalo divulgado pelo The Wall Street Journal em janeiro de 2018. Segundo o veículo, um advogado de Trump teria pagado 130 mil dólares à atriz para evitar que ela contasse sobre a relação que teve com o presidente em 2006.
Trump, de 78 anos, já havia sido considerado culpado no processo em junho, quando um júri o condenou em todas as 34 acusações por falsificação de documentos envolvendo o caso Daniels, o que teria influenciado nas eleições de 2016.
As condenações fizeram de Trump o primeiro presidente dos EUA em exercício ou ex-presidente a ser considerado culpado de acusações criminais. Até hoje, porém, ele nega que tenha tido um caso com a atriz pornô e que teria pagado uma soma em dinheiro para que ela ficasse calada.
Os promotores alegam que a ocultação do suposto encontro tinha a intenção de ajudá-lo a vencer sua primeira candidatura à Casa Branca, em 2016, quando o republicano derrotou a candidata democrata Hillary Clinton.
Ele deveria receber a sentença em 26 de novembro, menos de um mês após ter sido eleito novamente para a Presidência. Mas, em um despacho, o juiz Juan M. Merchan comunicou que “o pedido conjunto de suspensão da sentença é concedido na medida em que a data de 26 de novembro de 2024 é adiada”.
Agora, Trump tem até o dia 2 de dezembro para apresentar uma moção pedindo o arquivamento do processo. Depois, os promotores terão uma semana para responder ao pedido, mas uma nova data para a sentença não foi informada.
Equipe de Trump fala em “caça às bruxas”
A equipe jurídica de Trump baseou-se em uma decisão proferida em julho pela Suprema Corte dos EUA que dá aos presidentes americanos ampla imunidade para atos cometidos durante o mandato.
“Em uma vitória decisiva para o presidente Trump, o caso, que é uma farsa, está agora totalmente suspenso e a sentença foi adiada. O presidente Trump obteve uma vitória esmagadora, pois o povo americano emitiu um mandato para devolvê-lo ao cargo e se livrar de todos os remanescentes dos casos de ‘caça às bruxas'”, declarou, em um comunicado, o diretor de comunicações de Trump, Steven Cheung.
Provável suspensão de casos
Juntamente com o caso de Nova York – o único que chegou a um veredito –, Trump enfrenta ainda dois casos federais – um relacionado à tentativa de anular a eleição de 2020 e outro ligado a documentos confidenciais que ele supostamente manipulou de forma incorreta após deixar o cargo –, além de mais um caso estadual movido na Geórgia.
Trump também é alvo de processos civis. Ele foi considerado responsável por abuso sexual em dois processos de difamação movidos pela jornalista E. Jean Carroll, a quem foram concedidas compensações por danos que somam 88,4 milhões de dólares (R$ 514 milhões). Trump apelou de ambos os vereditos.
Ele também entrou com recurso contra uma condenação por fraude que determinou que ele e suas empresas deveriam pagar 454 milhões de dólares em multas, em um caso movido pela procuradora-geral de Nova York, Letitia James.
Mas, tanto nos casos federais quanto potencialmente também nos estaduais, os processos deverão ser paralisados.
O Departamento de Justiça mantém sua política de não processar um presidente em exercício. Essa mesma política resultou no fato de Trump não ter sido indiciado após a divulgação do relatório do procurador especial Robert Mueller em 2019, que investigou alegações de interferência russa na eleição presidencial de 2016 e vínculos com a primeira campanha eleitoral de Trump.