Trump propõe acordo nuclear com Rússia e China para reduzir gastos com defesa
Segundo presidente dos EUA, negociações devem ser iniciadas quando crises no Oriente Médio e Ucrânia forem resolvidas
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira (13/02) que quer iniciar negociações com a Rússia e China para reduzir à metade seus orçamentos em defesa.
“Estamos todos gastando muito dinheiro que poderíamos gastar em outras coisas”, disse Trump aos jornalistas no Salão Oval da Casa Branca.
Somados os gastos dos três países, os recursos destinados à defesa, em 2023, ficaram em torno de U$ 1,32 trilhões, o que representa cerca de 22 vezes o necessário para acabar com a fome no mundo. Os dados sobre gastos em defesa são do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz (de Estocolmo SIPRI, da sigla em inglês), e as estimativas relativas à fome, do Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Não há razão para construirmos armas nucleares novinhas em folha. Já temos muitas. Você poderia destruir o mundo 50 vezes, 100 vezes. E aqui estamos nós construindo novas armas nucleares e eles construindo novas armas nucleares”, argumentou Trump, dizendo esperar que os três países cheguem a um acordo para realizar esses cortes.
Ele lembrou que tanto os Estados Unidos como a Rússia possuem, desde a Guerra Fria, enormes estoques de armas nucleares capazes de causar um “apocalipse mundial”. Já a China, Trump calculou que chegaria a essa capacidade de devastação “em cinco ou seis anos”.
Primeiro resolver Ucrânia e Oriente Médio
O presidente norte-americano afirmou que procuraria iniciar as negociações sobre essa redução do armamento nuclear assim que estivessem resolvidos as crises no Oriente Médio e na Ucrânia.
O magnata também disse que “adoraria” que a Rússia voltasse a integrar o G7, do qual foi excluída em 2014, quando Putin anexou a península ucraniana da Crimeia. “Acho que foi erro expulsá-lo”. Em seu primeiro mandato, ele já defendeu o retorno da Rússia ao G7, mas a ideia teve pouco apoio entre seus aliados.
A ideia de negociar uma redução dos gastos com defesa vai na direção oposta daquilo que Trump vem exigindo de seus aliados europeus. Ele diz que os países europeus deveriam aumentar seus gastos militares dos atuais cerca de 2% para 5% do PIB. Também contradiz em grande medida algumas das decisões que tomou em seu primeiro mandato.

Explosão nuclear em testes nos Estados Unidos em plena Guerra Fria (1953)
As negociações sobre desarmamento nuclear
Em seu primeiro mandato (2017-2021), Trump determinou que os Estados Unidos abandonassem o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário eu seu país tinha firmado com a União Soviética desde 1987.
O tratado visava proibir permanentemente a posse, produção e teste de mísseis balísticos e de cruzeiro terrestres com alcance entre 500 e 5.500 quilômetros. Trump alegou que a Rússia estava violando o tratado. Ele também se retirou do Acordo Nuclear com o Irã.
Em 2021, o presidente Joe Biden renovou por cinco anos o Tratado New Start com a Rússia, último acordo bilateral de controle de armas nucleares entre os dois países.
A Rússia apoio a renovação do New Start, mas após a invasão da Ucrânia suspendeu sua participação. Também rejeitou negociar novos tratados enquanto os Estados Unidos e a Organização para o Tratado do Atlântico Norte (OTAN) mantivessem o apoio militar à Ucrânia. Nesse período, desenvolveu novas armas nucleares, incluindo mísseis hipersônicos.
Outros países com arsenal nuclear
A China se recusou a aderir ao controle nuclear acordado por Estados Unidos e Rússia, argumentando que seu arsenal é muito menor do que o desses países. Os chineses aceleraram a modernização de suas armas nucleares, prevendo que poderiam chegar a nível comparável com as duas potências na área em torno de 2035.
A União Europeia apoia o New Start e a volta do Acordo Nuclear com o Irã, mas se opõe ao Tratado de Proibição de Armas Nucleares das Nações Unidas, alegando que enfraquece a dissuasão nuclear.
Outros países que mantém arsenais nucleares são a Coreia do Norte, que expandiu seu programa; a Índia e o Paquistão, que rejeitam tratados de desarmamento global. O Irã retomou o enriquecimento de urânio após a saída dos Estados Unidos do Acordo Nuclear Multilateral, firmado entre o Irã e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Acredita-se também que Israel tenha um arsenal nuclear, mas esse país jamais confirmou nem negou oficialmente.
