Segunda-feira, 9 de junho de 2025
APOIE
Menu

O presidente dos Estados Unidos Donald Trump encerrou sua viagem ao Oriente Médio com um acordo de R$ 7,9 trilhões (US$ 1,4 trilhão) com os Emirados Árabes Unidos (EAU) no setor de inteligência artificial (IA).

Os investimentos estão previstos para dez anos. O mesmo período vale para a venda de armas norte-americanas ao país do Golfo, no valor de R$ 7,4 bilhões (US$ 1,3 bilhões).

Com os novos investimentos em IA, Abu Dhabi sediará o maior campus de inteligência artificial fora dos Estados Unidos, com 25,9 quilômetros quadrados, informou o Departamento de Comércio dos EUA.

Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!
Inscreva-se

Em contrapartida, o país do Golfo irá “investir, construir ou financiar data centers nos EUA que sejam pelo menos tão grandes e poderosos quanto os dos Emirados Árabes Unidos”, disse a Casa Branca.

O acordo é uma vitória para o presidente dos Emirados Árabes Unidos, Sheikh Mohamed bin Zayed Al Nahyan, em seu esforço de tornar o país player global em IA. Aliado de longa data com os EUA e com sua maior parceira comercial, a China, os Emirados Árabes Unidos sofreram limitações de acesso aos chips norte-americanos durante o governo Biden.

Críticas

Com o acordo, eles terão acesso aos avançados chips da Nvidia já a partir deste ano. Ontem (15/03), o presidente da empresa, Jensen Huang, proibido de comercializar os chips com a China, foi visto conversando com Trump e Al Nahyan.

Frente ao receio de que a China possa ter acesso aos novos data centers, eles serão gerenciados por empresas americanas. “O acordo também contém compromissos históricos dos Emirados Árabes Unidos para alinhar ainda mais suas regulamentações de segurança nacional com as dos Estados Unidos, incluindo fortes proteções para evitar o desvio de tecnologia de origem americana”, ressaltou a Casa Branca.

Trump também fechou acordos de R$ 82,5 bilhões (US$ 14,5 bilhões) entre a Boeing, a GE Aerospace e a Etihad Airways, após as negociações da empresa com a companhia aérea estatal do Catar, Qatar Airways, de US$ 96 bilhões.

Ele ainda recebeu ‘de presente’ um jumbo de luxo do governo do Catar, o que levantou várias críticas. “Somos os Estados Unidos da América. Acredito que devemos ter o avião mais impressionante”, respondeu.

Trump no Catar com o emir Sheikh Tamin bin Hamad Al Thani 
Daniel Torok / Flickr White House

Armamentos

Ao chegar nos Estados Unidos, porém, Trump terá de enfrentar a resistência democrata no Senado, que pressiona pela interrupção das vendas de armamentos no Catar e nos Emirados Árabes Unidos, totalizando R$ 19,9 bilhões (US$ 3,5 bilhões).

Os senadores democratas Chris Murphy, Chris Van Hollen, Brian Schatz e Tim Kaine, juntamente com o senador Bernie Sanders, alegam que esses acordos vão beneficiar pessoalmente a família Trump.

“Os EUA não deveriam entregar armas aos Emirados Árabes Unidos, pois ajudam e incentivam esse desastre humanitário e graves violações dos direitos humanos”, afirmou Van Hollen, citando a guerra civil do Sudão.

Eles apresentaram duas resoluções de desaprovação nesta quinta-feira. Uma sobre os armamentos vendidos aos Emirados Árabes, no valor de R$ 9,1 bilhões (US$ 1,6 bilhão) e outra para o Catar, de R$ 10,8 bilhões (US$ 1,9 bilhão).

Gaza

Enquanto arma o Oriente Médio, Trump buscou minimizar as declarações desta quinta-feira de que desejaria conquistar a Palestina, para transformar a região em uma “zona de liberdade”.

Questionado pelos repórteres sobre Gaza, Trump afirmou: “Estamos olhando para Gaza. E vamos cuidar disso. Muitas pessoas estão morrendo de fome.”

As declarações se chocam com a negativa de Israel sobre a promoção da fome na região, com seu brutal bloqueio ao território. Nas últimas 72 horas, a escalada dos bombardeios de Israel mataram mais de 150 palestinos, a grande maioria das vítimas é de mulheres e crianças.