Trump transformou Califórnia em palco de guerra política, avalia imprensa francesa

A tensão entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e o governador democrata da Califórnia, Gavin Newsom, ganhou novo capítulo, após a decisão do líder republicano de reforçar a mobilização da Guarda Nacional para reprimir protestos contra a expulsão de imigrantes em situação irregular em Los Angeles. Para a imprensa francesa, a questão migratória serve também como pretexto para intensificar a rivalidade entre Trump e Newsom, em um cenário já marcado por ambições presidenciais para 2028.

Segundo a imprensa francesa, a medida provocou indignação entre os californianos, que assistem à militarização de Los Angeles — descrita por Trump e seus aliados como uma cidade “invadida” por “criminosos estrangeiros”. Para o jornal Le Monde, a operação é um teste para ações semelhantes em outras cidades do país, onde imigrantes sem documentação viviam até então em relativa segurança.

O jornal Le Parisien lembra que o embate entre Trump e Newsom é antigo. Desde o início de seu mandato, Trump ameaçou cortar repasses federais a estados que não seguissem suas diretrizes, especialmente nas áreas de imigração e direitos LGBTQIA+. A Califórnia, que se declarou “estado santuário” em novembro de 2024, tornou-se um dos principais alvos do presidente norte-americano.

Queda de braço entre Trump e Newsom

Em abril, a Justiça barrou tentativas do governo federal de suspender recursos destinados a cidades “santuário”. No entanto, especialistas ouvidos pelo Le Parisien alertam que Trump ainda pode cortar outros tipos de financiamento.

Em resposta, Newsom ameaçou reter a arrecadação de impostos federais. Caso seja concretizada, a medida poderia afetar seriamente o orçamento da Casa Branca, já que a Califórnia é o estado mais rico do país.

A rivalidade entre os dois também tem pano de fundo eleitoral. Rumores indicam que Newsom pode disputar a presidência em 2028 pelo Partido Democrata, o que intensifica a queda de braço com Trump.

Para os jornais Libération e Le Figaro, a mobilização da Guarda Nacional tem mais motivação política do que qualquer ameaça real representada pelos imigrantes.