Centenas de cambojanos percorrem os hospitais de Phnom Penh nesta terça-feira (23/11) em busca de parentes e amigos vítimas do tumulto ocorrido ontem durante as comemorações do Festival da Água. Os últimos levantamentos indicaram um saldo de 378 mortos e 355 feridos.
A maioria das vítimas são pessoas jovens que ficaram presas em uma ponte que conecta a capital com Koh Pich (Ilha Diamante), uma pequena ilha que o desenvolvimento urbanístico transformou de subúrbio pobre a centro de lazer.
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Desde a manhã desta terça-feira, muitas pessoas vagam de hospital em hospital em busca de familiares e amigos desaparecidos entre os mortos e os feridos, enquanto as autoridades investigam as causas da tragédia.
“Este é o terceiro hospital que visito”, disse à agência Efe o jovem Ly Chomban, que procura um amigo que não tem família em Phnom Penh.
Ao seu lado, Rum Thearey segura com força a foto de sua irmã pequena, Sopheap, enquanto aguarda na fila para incluir seu nome na lista de mortos.
“Ela só tinha 21 anos e tinha ido assistir a um show com suas amigas. Quando vi pela televisão o que tinha acontecido, liguei para ela, mas como não respondeu, comecei a procurá-la nos hospitais”, relatou Thearey.
No final da busca, a irmã foi encontrada no hospital de Calmette, um dos seis locais improvisados para receber as vítimas da tragédia. Ali, os corpos, como o de Sopheap, estão dispostos em pequenas tendas onde os parentes entram para fazer a identificação.
“É uma grande tragédia para o Camboja. Não tínhamos os recursos necessários. Tivemos que improvisar estas tendas para os mortos”, afirmou Meak Somna, encarregado da coordenação de situações de desastre.
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Os feridos são atendidos em outra área do hospital, onde a maioria recebe soro, comida e água.
Cheng Sony, que trabalha na ilha e voltava a terra firme após terminar sua jornada, estava no meio da ponte quando as pessoas começaram a lhe empurrar.
“Caí no chão e cobri minha cabeça com as mãos. Não sei o que mais aconteceu. Tiveram que me tirar de lá, mas não me lembro de nada”, disse à Efe o jovem da província de Prey Veng, na fronteira com o Vietnã.
“Acho que fiquei duas ou três horas preso na ponte. Não dava para respirar”, lembrou, enquanto toca na perna coberta de hematomas por conta dos empurrões.
A cambojana Chuop Sokheng foi uma das pessoas que pulou na água para não se asfixiar e teve a sorte de não se afogar, mas dois de seus filhos, de 6 e 13 anos, morreram no rio.
“Não havia outra opção. As pessoas não me deixavam respirar e tentei pular com eles, mas os perdi. Depois soube que tinham morrido”, lamentou a mulher.
Resposta oficial
O governo cambojano se comprometeu a indenizar as famílias dos mortos com 5 milhões de barras de metal (o equivalente a 1.250 dólares) e as dos feridos com 1 milhão de barras de metal (250 dólares), além de arcar com as despesas hospitalares.
O primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, declarou que a próxima quinta-feira será dia de luto oficial e ordenou às instituições do Estado que hasteiem a bandeira a meio mastro em sinal de respeito às vítimas.
Hun Sen afirmou que as causas do tumulto ainda não estão claras e que a Polícia iniciou uma investigação que será coordenada por uma comissão especial.
As autoridades estimaram que mais de dois milhões de pessoas compareceram à celebração do último dia do Festival, que dura três dias, durante os quais o público se reúne às margens do rio Tonle Sap para homenagear a água e se despedir das monções.
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