Os governos da Turquia e da Venezuela reforçaram seus pedidos de adesão ao BRICS, bloco econômico que tem buscado sua expansão no cenário geopolítico internacional, como representante do chamado Sul Global, em contraposição ao Ocidente, representado pelo G7.
A informação sobre a candidatura turca surgiu nesta segunda-feira (02/09), em matéria da agência Bloomberg. O texto afirma que Ancara considera que “o centro de gravidade geopolítico está se afastando das economias desenvolvidas”, razão pela qual o país pretende fortalecer seus laços especialmente com a Rússia e com a China.
Outro fator que impulsiona o desejo turco de se aliar ao BRICS é a tensão crescente entre o país e os líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Ancara é parte da aliança militar, mas desde o início da guerra na Ucrânia, o país tem apresentado diferenças com relação aos demais membros, por sua recusa em apoiar os ataques à Rússia.
Já no caso da Venezuela, a adesão foi uma promessa do presidente Nicolás Maduro durante a campanha que levou à sua reeleição, em julho passado.
Em entrevista na última quarta-feira (28/08), o chanceler venezuelano, Yván Gil, assegurou que seu país “está na órbita do BRICS” e que seu ingresso ao bloco seria uma “mera formalidade”.
“Podemos dizer que a Venezuela está praticamente dentro dos BRICS, enviamos representantes que participam nas comissões do grupo, das cúpulas sobre diferentes temas, de cúpulas de chanceleres nas quais eu participei, e em reuniões diversas. Estamos na órbita do BRICS”, enfatizou o chefe da diplomacia venezuelana.
BRICS+
A próxima cúpula do BRICS acontecerá em outubro deste ano, na cidade de Kazan, na Rússia. A expectativa de que novos países podem ser aceitos no bloco é alimentada pelo fato de, na cúpula anterior – realizada em Johanesburgo, na África do Sul –, cinco novos países passaram a formar parte do bloco: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã.
A Argentina também havia sido anunciada como novo membro, devido à candidatura apresentada durante o governo de Alberto Fernández, mas acabou desistindo de ingressar no bloco após o presidente Javier Milei, de extrema direita, assumir o poder e passar a defender uma agenda internacional mais comprometida com o Ocidente.
O bloco BRICS foi fundado em 2009, quando se chamava apenas BRIC e era formado por Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2011, com a inclusão da África do Sul, a sigla ganha a letra S (pelo nome do país em inglês: South Africa) e adquire seu formato atual.
Após a adesão dos cinco novos membros, em 2023, o bloco passou a se chamar oficialmente BRICS+, embora ainda seja citado apenas como BRICS em muitas ocasiões.
Além de Turquia e Venezuela, mais de 20 países possuem candidaturas vigentes para formar parte do BRICS. A maioria delas vêm de continentes como África, Ásia e a região da América Latina e Caribe.
Entre as nações latino-americanos e caribenhas, há outros seis pedidos de adesão, além do apresentado por Caracas. São os casos de Barbados, Bolívia, Colômbia, Cuba, Honduras e Nicarágua.