Efe
Porta do Sol: o palco de um ano atrás volta a receber os indignados, que prometem ficar
Centenas de milhares de pessoas tomaram as cidades espanholas neste sábado (12/05) no início das comemorações pelo aniversário de um ano do movimento 15M (15 de maio), que paralisou o país no ano passado e chamou a atenção de todo o mundo para as consequências da crise internacional sobre o “99%” da população. Como em 2011, a praça Porta do Sol, em Madri, foi palco das maiores manifestações. Apesar da forte presença da polícia, cerca de 30.000 pessoas (pelo menos 100 mil segundo os organizadores) prometem continuar no local além do horário estipulado governo da capital espanhola: 22h (19h no horário de Brasília).
Em Madri, quatro passeatas que partiram de pontos diferentes da cidade se reuniram na Porta do Sol. Até o momento não foram registrados confrontos e as mobilizações transcorreram sem incidentes, num ambiente lúdico e cheio de palavras de ordem, como “o povo, unido, jamais será vencido” e “povo, desperta, acabou-se a sesta”.
Muitos dos ativistas carregavam cartazes com frases como “banqueiro ajudado, ladrão indenizado”, “não à fraude do Bankia” (banco espanhol que será estatizado) e muitas outras criticando os cortes na educação e na saúde pública e contra a reforma trabalhista.
Os protestos se estendem por Barcelona e outras 79 cidades do país – e também além da Espanha. Em Paris, diversos atos festivos encerraram as passeatas, que começaram de manhã em diferentes pontos da cidade e se concentraram na Fonte dos Inocentes, em Les Halles.
Neste local, os organizadores da marcha leram um texto no qual lembraram que “floresceram no mundo inteiro movimentos sociais, cidadãos, horizontais, solidários e não violentos para exigir e construir uma democracia real”.
Em Bruxelas, mais de 700 manifestantes aderiram à convocação mundial, em sua maioria belgas e espanhóis. Os manifestantes marcharam pelas ruas e protestaram diante de lugares simbólicos como o Banco Nacional e o Palácio da Justiça.
“Somos o 99%, a maioria que paga pela crise, enquanto o 1% são os que estão se aproveitando e ganhando dinheiro com ela”, disse à agência Efe Gonzalo Amandi, cidadão espanhol que mora em Bruxelas.
Em Londres, os manifestantes iniciaram o protesto pacífico aos pés da Catedral de São Paulo, em pleno distrito financeiro da cidade. O grupo “anticapitalista” Occupy London pediu que seus simpatizantes levassem barracas, num desafio à polícia, que há seis meses desalojou manifestantes acampados na cidade após uma longa batalha legal.
Os ativistas passaram por instituições localizadas no distrito financeiro, como bancos, fundos de investimento e companhias privadas, que segundo eles fazem parte do 1% “que gerou a crise econômica e que continua se beneficiando dela”.
Em Portugal, centenas de pessoas se reuniram no centro de Lisboa e em outras seis cidades para se unir ao movimento europeu de protesto contra as políticas de austeridade e as más condições de trabalho. Entre quinhentas e mil pessoas partiram da praça do Rossio, em Lisboa, e marcharam com cartazes, tambores e buzinas pela Avenida Liberdade sob o lema “Indignação e Mudança”. Os manifestantes cantaram palavras de ordem em alusão ao “movimento dos indignados” nos países do sul da Europa, com gritos como “Espanha, Grécia e Portugal, a luta é internacional”.
Alguns dos cartazes tinham a forma de machados, em referência aos severos cortes trabalhistas aplicados no país. Outros faziam referência à austeridade, ao desemprego, à greve e à fome.
Uma das menores manifestações ocorreu na praça Syntagma, em Atenas, na Grécia, país que enfrenta uma situação social e política extremamente crítica. A fragmentação política e os problemas para formar um novo governo, no entanto, centralizam desde domingo toda a atenção da opinião pública do país.
Em Israel, centenas de pessoas se manifestaram em Tel Aviv e em outras cidades do país, onde denunciaram a carestia de vida e exigiram melhorias sociais.
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