A rede X “engana” os seus usuários com o sistema de verificação de contas e também viola as regras da União Europeia relacionadas à transparência. É o que afirma a Comissão Europeia em um comunicado divulgado nesta sexta-feira (12/07).
“X projeta e opera sua interface para ‘contas verificadas’ com o ‘selo azul’ de uma forma que não corresponde à prática da indústria, enganando os usuários”, conclui a Comissão após uma investigação preliminar.
Segundo a Comissão, “qualquer pessoa pode se cadastrar para obter esse selo. Isso afeta negativamente a capacidade dos usuários de avaliação da autenticidade das contas”. O órgão executivo da UE ainda ressalta que “há evidências de que atores mal-intencionados abusam desse sistema para enganar os usuários”.
Para a comissária europeia da Concorrência, Margrethe Vestager, “X não cumpre a Lei dos Serviços Digitais [LSD] em áreas-chave de transparência e por isso engana os usuários”.
Em suas conclusões preliminares, os técnicos da Comissão lembram que o selo azul indica apenas que o usuário registrou um número de telefone e uma conta bancária. Isso significa que o selo não tem relevância alguma em relação ao nível de confiança que determinada conta inspira. “X não cumpre a transparência exigida sobre publicidade”, ressalta o órgão.
Para a UE, a rede também “não fornece o acesso dos seus dados públicos aos investigadores”, conforme determina a regulamentação em vigor no bloco e aguarda que a empresa apresente as informações exigidas em uma investigação sobre possíveis medidas para diminuir os riscos relativos ao uso de inteligência artificial nas eleições.
Esforços para diminuir a propagação de fake news
O magnata Elon Musk comprou o Twitter em 2022 e iniciou importantes mudanças no aplicativo. Entre elas, a mudança de nome para “X”. No entanto, desde que a UE adotou duas leis para regular as grandes plataformas digitais, a empresa entrou em “conflito” com a Comissão Europeia.
A Comissão quer confirmar que a plataforma mantém os esforços para impedir a propagação de fake news. Neste contexto, a UE identificou 25 plataformas gigantes, chamadas “gatekeepers” (guardiãs do acesso, em tradução livre), que estão sujeitas a medidas de controle mais rígidas.
Como resultado, a Comissão já denunciou possíveis violações das leis do bloco por parte da Meta (Facebook e Instagram) e da Apple. Simultaneamente, a Comissão mantém investigações abertas sobre a plataforma de vídeos TikTok e a rede de lojas online AliExpress, ambas empresas chinesas.
No comunicado, o comissário europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton, afirmou que a partir de agora X “tem o direito de se defender, mas se o nosso ponto de vista se confirmar, iremos impor multas e exigir mudanças significativas”.