União Europeia promete 2,5 bilhões de euros para ajudar Síria pós-Assad
Ursula von der Leyen anunciou financiamento ao exaltar 'governo inclusivo' do HTS, que nas últimas semanas realizou operações militares contra minoria étnica apoiadora do antigo presidente
A União Europeia (UE) prometeu nesta segunda-feira (17/03) fornecer 2,5 bilhões de euros em ajuda à Síria neste e no próximo ano, como forma de apoiar a transição do país após a queda do governo de Bashar al-Assad.
“Os sírios precisam de mais apoio, estejam eles no exterior ou os que optem por voltar para casa”, disse a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, durante uma conferência internacional de doadores em Bruxelas.
“É por isso que hoje a UE está aumentando sua promessa aos sírios no país e na região para quase 2,5 bilhões euros (16 bilhões de reais) para 2025 e 2026”, acrescentou.
Em seu discurso, Von der Leyen apelou a todos para que façam o mesmo nesta fase crítica, porque os “sírios precisam” de ajuda, tendo em vista que “há cidades inteiras para reconstruir, uma economia para reiniciar”.
Por causa disso, “suspendemos as sanções em setores econômicos importantes e estamos prontos para fazer mais para atrair investimentos”, explicou.
De acordo com a líder europeia, “a Síria era uma das potências econômicas do Oriente Médio” e o bloco quer “ser um parceiro para a recuperação e o crescimento” de um novo país.

Segundo Von der Leyen, UE suspendeu sanções em “etores econômicos importantes” para ajuda Síria a se reconstruir
“O futuro da Síria deve ser construído por todos os sírios. Aqueles que sempre lutaram pela liberdade e aqueles que acabaram de descobrir a esperança. Aqueles que fugiram e aqueles que ficaram. Esta deve ser a promessa da nova Síria. E faremos tudo o que pudermos para que isso aconteça”, concluiu von der Leyen.
Apesar do discurso da representante europeia sobre a inclusão no novo governo, a administração liderada pelo presidente provisório, Ahmed Al-Sharaa, realizou nas últimas semanas uma operação militar contra a minoritária comunidade alauíta, deixando mil mortos, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
A ofensiva do governo encabeçado pelo grupo islamista Hayat Tahrir al Sham (HTS) durou de 6 a 10 de março, e foi desencadeada quando apoiadores do ex-presidente Bashar al-Assad atacaram forças de segurança na região de Latakia, onde há grande presença da comunidade alauíta, uma linhagem do islã xiita da qual o clã de Assad é pertencente.
O porta-voz do Ministério da Defesa sírio, Hasan Abdel Ghani, declarou por meio da agência de notícias Sana que houve “sucesso” das “forças em alcançar todos os objetivos estabelecidos”.
Em sua declaração, disse que as forças de segurança conseguiram “conter os ataques do que resta do regime deposto”, afastando os seus combatentes de “locais vitais” e, ao mesmo tempo, “manter a segurança nas principais estradas” de Tartus e Latakia.
Já o OSDH, que tem sede no Reino Unido, denuncia que houve execuções sumárias e classifica que a operação foi de “limpeza étnica”. O levantamento do observatório aponta que 745 civis foram mortos, além de 125 agentes de segurança e 148 combatentes defensores de Bashar al-Assad.
(*) Com Ansa e Brasil de Fato
