Terça-feira, 13 de maio de 2025
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O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou na quarta-feira (16/04) que mais de um milhão de pessoas, incluindo cerca de 400 mil crianças, foi deslocada forçadamente no Congo devido à intensificação do conflito entre o grupo rebelde M23 e o exército do país, iniciado em janeiro.

Perante o Conselho de Segurança da ONU, a diretora do Unicef, Catherine Russell, destacou que a maioria dos deslocamentos se concentraram nas províncias de Ituri, Kivu do Norte e Kivu do Sul, no leste do país africano.

Segundo a alta-funcionária, atualmente há cinco milhões de pessoas residindo em campos de refugiados superlotados e insalubres, fator que põe em risco a vida de milhões de jovens.

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Russell também denunciou que a taxa de violência sexual contra menores no Congo atingiu “níveis escandalosamente altos”, com mais de 40% dos quase 10 mil casos de estupro e agressão sexual relatados entre janeiro e fevereiro de 2025. Ou seja, uma criança foi estuprada a cada meia hora na fase mais intensa do conflito.

“Isso aponta claramente para uma crise sistêmica na qual o estupro e outras formas de violência sexual estão sendo usados como arma de guerra para destruir vidas, famílias e comunidades”, afirmou.

Já nos primeiros três meses de 2025, a diretora pontuou que “houve um aumento de 100% nas violações graves verificadas” em comparação com o mesmo período do ano anterior.

“Isso inclui ataques indiscriminados, recrutamento e uso de crianças em larga escala, sequestros em massa de crianças, bem como violência sexual generalizada”, disse Russell.

Unicef
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou que mais de um milhão de pessoas, incluindo cerca de 400 mil crianças, foi deslocada forçadamente no Congo

Surto de varíola

Ainda segundo a diretora do Unicef, o Congo continua sendo o epicentro do surto da nova cepa da varíola dos macacos, com a resposta de saúde severamente impactada pelo conflito armado. Em Goma, 143 pacientes em isolamento tiveram que fugir devido à violência, dificultando o tratamento e aumentando o risco de propagação da doença.

A crise sanitária também se agravou com a sobrecarga das instalações de saúde e a escassez de suprimentos médicos, incluindo kits de profilaxia pós-exposição (PEP) para sobreviventes de violência sexual. Enquanto isso, mais de 2.5 mil escolas foram fechadas em Kivu do Norte e do Sul, deixando crianças vulneráveis a recrutamento por grupos armados e violência.

Apelo à ONU por cessar-fogo

Por sua vez, o enviado especial da ONU para a região dos Grandes Lagos, Huang Xia, pediu a seus membros que “aproveitem sua influência e usem todos os recursos à sua disposição” para apoiar um cessar-fogo, em meio a violações em curso e o agravamento da humanitária que chegou a atingir áreas de Burundi, Uganda e Ruanda, com aumento de número de refugiados congoleses.

Xia ainda enfatizou que o M23 continuou sua expansão no Congo, ignorando os apelos do Conselho de Segurança da ONU, da União Africana e da União Europeia.

(*) Com Telesur