Após passar meses criticando abertamente Juan Manuel Santos, seu sucessor na Presidência da Colômbia, o ex-presidente Álvaro Uribe deu um passo adiante no seu processo de retorno à política do país. Na semana passada, ele lançou o movimento Frente Contra o Terrorismo ao lado de partidários em Bogotá, capital colombiana.
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Segundo os participantes do evento, o movimento não possui nenhum caráter político. Entretanto, Uribe manifestou sua vontade de lançar candidatos para as eleições legislativas e presidenciais de 2014 pela frente antiterrorismo. Ele afirmou que convidará pessoas “para participar da elaboração de plataformas [políticas], lançar pré-candidaturas e apoiar um grande candidato”.
O grande candidato a que se refere é o seu antigo ministro do Interior, Fernando Lodoño, que também foi citado como exemplo da deterioração da segurança no país sob o governo de Santos. Lodoño sofreu um atentado no último dia 15 de maio na capital colombiana em plena luz do dia.
O lançamento do movimento demonstra a guerra cada vez mais aberta entre Uribe e Santos, seu antigo ministro da Defesa. Após assumir a Presidência da Colômbia, o ex-apadrinhado político de Uribe mostrou-se menos radical em suas ações contra a guerrilha das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o que desagradou o ex-presidente.
“Esse discurso mostra uma ruptura muito grande dentro do estabelecimento político”, disse à AFP o analista político Fernando Giraldo, da Universidade Javeriana.
Uribe governou a Colômbia ente 2002 e 2012 com uma política de enfrentamento total às guerrilhas, que lhe deu grande popularidade. “Uribe representa o setor radical que quer cumprir com os seus objetivos de segurança, seja qual for o custo para a democracia”, explicou Giraldo, ao prever “um luta feroz” na possível reeleição de Santos.
Apesar de suas conquistas no campo de segurança, o governo Uribe é acusado de várias violações dos direitos humanos, entre as quais, execuções sumárias de civis, escutas ilegais contra opositores, juízes e jornalistas, e ligações entre dirigentes do governo e paramilitares de extrema-direita.
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Mais moderado que o seu antecessor, Santos não diminuiu a pressão sobre as guerrilhas, mesmo que tenha aberto a possibilidade de uma negociação fomentando uma iniciativa legislativa conhecida como Marco Jurídico para a Paz, que permitiria, entre outras coisas, a suspensão de penas dos chefes rebeldes.
Este texto foi duramente rejeitado por Uribe, que afirmou que a falta de palavra do governo fez com que Santos perdesse credibilidade com a população. Em uma clara referência ao ex-presidente, o atual mandatário reagiu no sábado (07/07) em um ato público, ao pedir que não se faça política explorando o tema do “terrorismo”.
“Este país sofreu demais por causa do terrorismo para que joguemos a política com o sangue de soldados”, disse na cidade de Montería, capital do departamento de Córdoba, norte do país. Os ataques de Uribe ocorrem justo quando a popularidade de Santos se encontra em seu nível mais baixo, de 48%.
Ainda que a lei impeça uma segunda reeleição de do ex-presidente, a ideia de seu eventual regresso ao poder não parece tão absurda para Uribe, que sugeriu a convocatória de uma Assembleia Constituinte em nome da “sagrada luta contra o terrorismo”.
(*) Com informações de agências internacionais