Quarta-feira, 11 de junho de 2025
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As eleições gerais realizadas neste domingo (27/10) no Uruguai contemplaram a renovação da Câmara dos Deputado e do Senado do país, que resultaram em um complexo panorama para qualquer uma das coalizões que vença o segundo turno das presidenciais, em novembro.

Na câmara baixa, a Frente Ampla de esquerda elegeu a maior bancada, com 48 representantes. O número, porém, é insuficiente para alcançar a maioria simples entre as 101 cadeiras que compõem a casa.

O governo do presidente Luis Lacalle Pou tem governado o Uruguai desde 2020 com uma coalizão formada por três partidos de direita: o Partido Nacional, liderado pelo próprio mandatário e de discurso mais liberal, o Partido Colorado, mais conservador, e o partido de extrema direita Cabildo Aberto.

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Se essa fórmula se repetir no próximo período legislativo, conformará uma bancada que, assim como a Frente Ampla, terá 48 representantes, incluindo 29 do Partido Nacional, 17 do Partido Colorado e dois do Cabildo Aberto.

Das três vagas restantes, uma é do Partido Independente, sigla com discurso social-democrata que costuma se aliar à direita, embora vote a favor da esquerda em muitos projetos.

As outras duas vagas são do imprevisível movimento de extrema direita Identidade Soberana, cujo discurso defende o que seus líderes chamam de “antiglobalismo verde”, ou “econacionalismo”, cujas bases ideológicas são mais sintonizadas com a direita ultraconservadora, mas a inclusão de pautas ecológicas em sua plataforma o coloca eventualmente próximo da esquerda.

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O candidato presidencial do partido, Gustavo Salle, foi o quarto mais votado neste domingo, com 2,6%. Após o resultado, e com a eleição de dois representantes no parlamento, o líder do setor disse que “o Uruguai começa a ver a história mudar, com este movimento cidadão conseguindo entrar no covil do vende-pátria”.

Na mesma declaração, ele disse que seu partido não pretende compor bancada com nenhuma das forças políticas tradicionais.

Apesar de a esquerda não alcançar a maioria simples na câmara, a nova conformação é bastante mais favorável que a enfrentada neste período 2020-2025, em que, como parte da oposição, a Frente Ampla conta com 42 deputados, enquanto a coalizão governista de direita se sustenta com 53 representantes.

Parlamento do Uruguai
Nestas eleições, a Frente Ampla obteve as maiores bancadas tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado do Uruguai
Senado

A disputa no Senado terminou com a Frente Ampla obtendo maioria simples. A coalizão de esquerda passará a ter 16 senadores a partir de 2025, contra nove do Partido Nacional e cinco do Partido Colorado – que juntos somam 14 vagas.

O resultado inverte o cenário atual, no qual os partidos de direita unidos possuem uma bancada de 17 representantes (dez do Partido Nacional, quatro do Partido Colorado e três do Cabildo Aberto), enquanto a Frente Ampla tem 13.

Plebiscitos

Além das presidenciais e das legislativas, o Uruguai realizou dois plebiscitos neste domingo, nas quais as duas propostas de alteração constitucional foram rejeitadas.

Uma delas defendia mudar três artigos da Constituição, de forma a tornar inconstitucional a reforma previdenciária promovida pelo presidente liberal Luis Lacalle Pou que, segundo os sindicalistas, beneficia as empresas de previdência privada e prejudica o sistema público.

Essa proposta, que formou parte da campanha oficial da Frente Ampla – seus candidatos pediam abertamente votos a favor da opção “sim” – acabou obtendo 38,8% de apoio da cidadania, razão pela qual acabou sendo rechaçada.

O outro plebiscito foi proposto pelo Partido Nacional e defendia a derrubada de um artigo da constituição que impedia a realização de invasões noturnas a domicílios privados por parte das polícias sem ordem judicial.

A Constituição uruguaia proíbe a realização de ações policiais em domicílios durante o período noturno, salvo em situações muito específicas e quando essa ação conta com ordem judicial.

A iniciativa buscava viabilizar um projeto de reforço do poder às polícias, que faz parte da plataforma da coalizão de direita, que também utilizou a campanha eleitoral para defender o voto na opção “sim” à esta pergunta.

Porém, assim como no plebiscito sobre a questão previdenciária, a população não apoiou o projeto, pois apenas 39,4% votaram a favor do projeto da direita.