Atualização às 22h36
O candidato Yamandú Orsi, da esquerda Frente Ampla (FA), venceu a eleição presidencial do Uruguai, realizada neste domingo (24/11) com 49,5%, segundo boca de urna da pesquisa Cifra com base na metade das urnas apuradas pela Corte Eleitoral do país.
O político progressista aliado do ex-presidente José “Pepe” Mujica saiu vitorioso sobre seu oponente, Álvaro Delgado, do direitista Partido Nacional (PN), que representava a continuidade do atual mandatário Luis Lacalle Pou, e recebeu 45,90% dos votos, de acordo com a consultoria.
Outras pesquisas de boca de urna apontam o mesmo cenário, com leves mudanças na porcentagem de votos para Orsi. De acordo com a consultora Opción Consultoires, Orsi obteve 48,7% contra 46,7% de Delgado; para a Equipos Consultores, o candidato de esquerda foi eleito com 49% dos votos contra 46,6% do presidenciável de direita; e para a Usina de Percepción Ciudadana, Orsi angariou 50,1% e Delgado, 45,7%.
O atual mandatário Luis Lacalle Pou ligou para o presidente eleito para parabenizá-lo e para se “colocar sob seu comando e iniciar a transição assim quando entender que é pertinente”, segundo escreveu em suas redes sociais.
Yamandú Orsi é ex-governador do departamento (província) de Canelones, região que conforma boa parte do que se considera como a Grande Montevidéu. Sua gestão marcada por uma alta aprovação o ajudou a vencer as prévias frenteamplistas contra a prefeita da capital Carolina Cosse, cujo governo também é muito bem avaliado – Cosse agora é sua vice-presidente eleita.
Outro fator que favoreceu Orsi e a Frente Ampla é a comoção em torno do ex-presidente Pepe Mujica (2010-2015) que sofre de um câncer no esôfago. Apesar de estar submetido a um tratamento, e mesmo aos seus 89 anos, o ex-guerrilheiro tupamaro participou dos comícios da coalizão progressista, sempre enfatizando, em seus discursos, que esta eleição marcará sua “despedida da política”.
Por sua vez, Delgado reconheceu a derrota por meio de um discurso que classificou como “um dos mais difíceis” de sua vida. “Mas na vida política, é preciso sempre respeitar a decisão soberana acima de tudo”, declarou o candidato de direita.
“Eu sempre disse que o caminho que escolhemos para ganhar foi o que nos validou. Então hoje, com tristeza, claro, mas sem complexo de culpa podemos parabenizar quem ganhou, quem teve a preferência e fazer isso com sinceridade e coração, com desprendimento e com um sentido muito republicano”, declarou.
Delgado ainda agradeceu a coalizão do Partido Nacional e afirmou que a sigla “não está derrotada”.
Eleição no Uruguai
As urnas, distribuídas nas 7.225 seções de voto em todo o país, ficaram abertas das 8h30 às 19h30 para que os 2.727.120 eleitores pudesse votar. O dia decorreu sem complicações, apenas com alguns registros de votação gravados com a data errada.
Apesar do erro, a situação não foi grave, uma vez que as certidões são ratificadas pelos membros da seção eleitoral e, além disso, é possível fazer o download de uma versão corrigida da certidão na web, segundo o jornal local La Diaria.
Na primeira parte da disputa eleitoral, a Frente Ampla recebeu 43,9% dos votos válidos, contra 26,8% do Partido Nacional. Segundo a Corte Eleitoral uruguaia, aquele dia de votação ocorreu sem problemas, com a participação de 88% dos eleitores aptos a votar.
Com a realização das eleições gerais, a população do país também renovou a Câmara dos Deputado e o Senado do país, que resultaram em um complexo panorama para Orsí como presidente eleito.
Na Câmara Baixa, a Frente Ampla elegeu a maior bancada, com 48 representantes. O número, porém, é insuficiente para alcançar a maioria simples entre as 101 cadeiras que compõem a Casa.
Já no Senado, a disputa terminou com a Frente Ampla obtendo maioria simples. A coalizão de esquerda passará a ter 16 senadores a partir de 2025, contra nove do Partido Nacional e cinco do Partido Colorado – que juntos somam 14 vagas.